Associação cigana congratula-se com "ato de coragem" do Presidente da República

O vice-presidente da associação cigana Letras Nómadas congratulou-se com o "ato de coragem" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por lembrar que portugueses de etnia cigana também lutaram pela independência de Portugal.
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"Pela primeira vez, em cinco séculos, alguém tem a coragem de lembrar que os portugueses também são ciganos, que lutaram, que estiveram também nos registos históricos que muitas vezes não aparecem nos manuais escolares ou nos programas educativos", disse o dirigente da associação, contactado pela agência Lusa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou numa mensagem evocativa do Dia da Restauração da Independência os ciganos que "deram a vida" pela independência nacional, e lamentou a discriminação de que têm sido alvo em Portugal.

"Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio Rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa na mensagem.

Bruno Gonçalves disse que a comunidade cigana "não se pode queixar" da atuação do Presidente da República, porque -- recordou -- em 2018, "pela primeira vez, um Presidente esteve nas comemorações do Dia Internacional do povo cigano, na Maia", e, por isso, "tem sofrido críticas sobretudo nas redes sociais".

Para o dirigente, "o grande problema não são as comunidades ciganas, mas o ódio que está a ser espalhado por um partido", numa referência ao Chega, "e isso está a fazer com que o estigma secular das comunidades ciganas cada vez mais cristalize".

"Queremos ser cidadãos de pleno direito neste país. Estamos a lutar [por isso] mas não é fácil viver numa sociedade em que o comportamento de alguns idiotas, que existem em qualquer grupo", seja tido como o generalizado de uma comunidade.

Bruno Gonçalves disse ainda esperar que o Presidente da República "promova políticas de inclusão" que invertam a situação atual de uma comunidade "mergulhada na extrema pobreza", com 30 por cento a viver em habitações insalubres, níveis de educação muito baixos e, na saúde, com uma esperança de vida abaixo 15 a 18 menos do que a média.

Na sequência da divulgação da mensagem, líder do Chega criticou as autoridades públicas que se "regozijam com a participação cigana", mas não fazem "um exercício crítico" dessa comunidade, desconhecendo a sua intervenção no 1.º de Dezembro como referido pelo Presidente da República.

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