Ashton Eaton, o super-homem bateu o seu próprio recorde

Norte-americano foi o único atleta até agora a bater um recorde do mundo na pista de Pequim e contou com o auxílio de uma inovadora máscara de refrigeração
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A competição só termina hoje mas, além de Bolt ou Farah, os Mundiais de atletismo têm lugar garantido para Ashton Eaton entre o seu rol de heróis.

Mais do que revalidar o título mundial na pista do "ninho de pássaro", nome pelo qual ficou conhecido o Estado Nacional de Pequim, o super-homem do decatlo bateu ontem o recorde do mundo, que já era seu, e acrescentou mais um capítulo no domínio que tem nesta disciplina destinada a superatletas, por contemplar um conjunto de dez provas.

O agora bicampeão do mundo ao ar livre era também já bicampeão do mundo de pista coberta e campeão olímpico. Um mês antes de se consagrar nos Jogos de Londres, em 2012, Eaton tornou-se o segundo atleta na história do decatlo a ultrapassar a barreira dos nove mil pontos e bateu o recorde do mundo (quebrando uma marca com 11 anos que pertencia ao checo Roman Sebrle), que ontem voltou a cair.

Não seria de esperar até à última prova que tal acontecesse. Apesar de ter vencido as provas de 100 metros, salto em comprimento e dos 400 metros, na qual bateu o recorde do mundo no decatlo, com um tempo de 45.00 segundos, uma marca melhor do que a de dois dos finalistas da prova absoluta de 400 metros, à partida para os 1500 metros, derradeira prova da competição de decatlo, Eaton tinha de recuperar 40 pontos e fazer um tempo abaixo dos 4.18 minutos para bater o recorde do mundo.

Terminou em terceiro, com o tempo de 4:17.52 minutos, a sua melhor marca do ano na distância, que lhe valeu os 829 pontos necessários para colocar a nova marca mundial em 9045 pontos (mais seis do que o anterior registo), deixando nos outros lugares do pódio o canadiano Damian Warner (8695) e o alemão Rico Freimuth (8561).

"Há mais de dois anos que não participava numa competição de decatlo e estou bastante cansado. Não sei onde encontrei forças para fazer aquela última volta", disse após a prova Eaton sobre o fôlego final que lhe permitiu tornar-se o único atleta nestes Mundiais de atletismo a bater um recorde do mundo. E lhe permitiu também, por isso, ser o único a garantir um prémio adicional de cem mil dólares, além dos 60 mil que cada vencedor de prova leva para casa.

A máscara de um super-herói

O atleta norte-americano de 27 anos terminou exausto e caiu em plena pista assim que cortou a meta. Nada que espante depois de cumprir em apenas dois dias dez provas, da velocidade ao meio fundo, passando pelas provas técnicas. Uma tarefa para super-homens, de facto... No caso de Eaton, ele contou com um pequeno mas precioso auxílio: a cooling mask, uma máscara de refrigeração desenvolvida pela Nike, marca que patrocina o atleta desde início da carreira.

Pela primeira vez, este inovador objeto foi apresentado ao público numa grande competição e teve no campeão olímpico e recordista mundial o seu rapaz-propaganda. Eaton utilizou a máscara que tem como objetivo permitir o arrefecimento da cabeça e parte superior do corpo, de modo a permitir uma melhor recuperação entre as provas. "Derramar uma garrafa de água sobre a cabeça depois de treinar ajudava-me a sentir melhor. Foi essa ideia que transmiti numa conversa com os cientistas da Nike e que permitiu criar esta inovação", disse o atleta sobre esta espécie de capuz que refresca testa, cara e pescoço... A máscara provocou cobiça de alguns concorrentes e espanto a boa parte do público. É que além de, aparentemente, ajudar Eaton na sua performance desportiva, dá-lhe ainda mais a aparência de um super-herói.

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