"Largam hoje às 8 horas do aeródromo de Sintra para atingir o Rio de Janeiro amanhã à tarde os aviadores Costa Macedo e Carlos Bleck", podia ler-se com grande destaque na primeira página do Diário de Notícias de 14 de março de 1935. Era uma época de pioneirismo na aviação, mais de uma década depois da viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral..O jornal já acompanhava este "empreendimento", como lhe apelidava, das Asas de Portugal há muito tempo. "Passo a passo temos seguido as diferentes fases da preparação do voo que ao romper da alva principiará", prometendo o DN procurar dar "a todo o momento", nos "placards" do jornal, as notícias da sua marcha. No Rossio, havia desde 1928 um placard luminoso onde os transeuntes podiam ler as notícias..A viagem, a bordo do avião "Salazar", incluía duas escalas, em Cabo Verde e, já no Brasil, em Natal, antes de chegar à então capital (Brasília só seria inaugurada em 1960).."Devem talvez quando o nosso jornal andar já na manhã por esses bairros de Lisboa ou quando for levado pelo correio para todos os cantos do País, ter erguido voo, para executar o "raid" Lisboa-Rio de Janeiro, os dois valorosos aviadores portugueses tenente Costa Macedo e Carlos Eduardo Bleck", lia-se no DN..Mas, na realidade, o "Salazar" nunca partiu. No dia seguinte, o jornal dizia que a viagem tinha sido adiada porque o avião tinha sofrido "algumas avarias quando fazia uma descolagem difícil". E falava num "acidente estúpido que, por ser vulgar, não surpreendeu os técnicos", mas que dada a expectativa, "impressionou profundamente o País".