Do Sporting ao Benfica: as reações à morte de Rui Jordão

Sporting, Benfica e Federação Portuguesa de Futebol já manifestaram o pesar pela morte do grande goleador. FPF decreta um minuto de silêncio nos jogos da Taça de Portugal.
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Rui Jordão, internacional português que representou o Benfica, Sporting, V. Setúbal e Saragoça, morreu nesta sexta-feira aos 67 anos no Hospital de Cascais, onde se encontrava internado há algum tempo devido a problemas cardíacos.

O avançado foi alvo de uma homenagem pelo Sporting numa fase em que já estava hospitalizado, na vitória de quinta-feira frente ao LASK Linz (2-1), com um aplauso ao minuto 11, número da 'sua' camisola, Jordão cedo mostrou dotes de goleador.

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decretou um minuto de silêncio nos jogos das competições organizadas pelo organismo neste fim de semana, entre os quais da Taça de Portugal, em memória do antigo jogador Rui Jordão.

O Sporting, através do site oficial, passa em revista a carreira do avançado num texto cujo título é "Até sempre, Jordão". "É com pesar e muita tristeza que o Sporting Clube de Portugal anuncia o falecimento de um dos maiores nomes da história do Clube, Rui Jordão, aos 67 anos de idade. O Sporting Clube de Portugal apresenta as mais sinceras condolências aos familiares e amigos neste momento difícil."

Mais tarde, em declarações à Sporting TV, o presidente Frederico Varandas destacou a grande carreira do jogador com as cores do clube leonino. "A minha primeira palavra vai para a família de Rui Jordão. Em nome de todos os sportinguistas quero endereçar as mais sentidas condolências à família. Hoje o Sporting Clube de Portugal e o desporto nacional estão de luto. Na história do Sporting encontramos grandes atletas, grandes jogadores e algumas lendas. Rui Jordão é uma dessas lendas. O Rui Jordão encantou uma geração com os seus mais de 180 golos com o leão rampante ao peito. Jordão é um homem de bem, de valores, um artista dentro de campo e continuou a sê-lo fora de campo. Rui Jordão partiu hoje e ganhou um lugar na imortalidade", disse Varandas.

O Benfica, clube que Rui Jordão representou durante seis anos (contando com a etapa nos juniores), reagiu à morte do goleador com uma mensagem do presidente Luís Filipe Vieira, colocada no site oficial das águias: "Em meu nome pessoal e do Sport Lisboa e Benfica expresso o mais profundo pesar pelo triste falecimento de Rui Jordão. Atleta de eleição que vestiu a camisola do Benfica durante cinco épocas, deixa em todos uma enorme saudade. Manifesto também, em particular, as mais sentidas condolências para toda a sua família e ao Sporting Clube de Portugal, clube de que era adepto e que representou durante vários anos."

Também o V. Setúbal, último clube representado por Rui Jordão, lamentou a morte do avançado. "O Vitória Futebol Clube manifesta o seu pesar pela morte de Rui Jordão. Representou o clube entre 1987 e 1989, tornando-se para sempre um dos nossos. À família e amigos enlutados, o Vitória Futebol Clube endereça as mais sentidas condolências."

"Duelos inesquecíveis que ficarão para sempre na nossa memória. Descansa em paz Rui Jordão", lê-se numa mensagem do FC Porto na rede social Twitter, acompanhada de uma fotografia do antigo avançado, com a camisola do Sporting, num encontro com o FC Porto.

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), lamentou em declarações ao site oficial da FPF a morte do ex-avançado Rui Jordão, "um jogador especial", que deixou um "legado de resiliência". "Jordão foi um jogador especial, uma figura ímpar que prestigiou todos os portugueses e nos fez arrancar aplausos e emoções fortes. "À sua elegância e delicadeza em campo, Jordão deixa-nos igualmente um legado de resiliência e grande dignidade na sua vida pessoal."

Numa nota publicada no site oficial, a Liga Portugal lembrou a carreira do antigo avançado, que morreu aos 67 anos. "A Liga Portugal lamenta, profundamente, o desaparecimento de Rui Manuel Trindade Jordão, antigo jogador de Benfica, Vitória [de Setúbal], e 'glória' do Sporting", indica a LPFP.

"Era um jogador de grande qualidade com quem partilhei no Benfica e na seleção bons momentos. Deixa boas recordações. Como homem, era um homem bom, de valores e princípios. O futebol português perde um dos seus grandes vultos", disse Toni, em declarações à agência Lusa.

"O Jordão marcou o futebol português nas décadas de 70 e 80. É uma dor imensa que sinto. Eu e todos aqueles que têm paixão pelo futebol, independentemente das cores clubísticas. É uma perda de um jogador fantástico e de um homem bom. Tinha falado com ele, sabia do seu estado. Sabia que estava muito debilitado, mas pensei que pudesse ultrapassar esta fase complicada que estava a viver", acrescentou Toni.

O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) lembrou que, nos anos 70 e 80, o antigo avançado "ajudou a elevar o futebol português para um patamar superior". "Na memória de todos, fica o jogador e o seu fantástico percurso desportivo, mas também o homem que ajudou a elevar o futebol português para um patamar superior. Na minha, em particular, fica aquele golo, de antologia, no Euro84, como que a antecipar a carreira criativa a que se viria a dedicar", lê-se no comunicado da SJPF, assinado pelo presidente Joaquim Evangelista.

"Vi-o, pela última vez, na tribuna do Sporting onde regressou pela mão do amigo Manuel Fernandes. Jordão foi verdadeiro, amigo do amigo, distinto, um rasgo de inspiração no quotidiano desportivo", acrescentou Evangelista.

O antigo internacional português Hilário, figura histórica do Sporting, manifestou-se "chocado" com a morte de Jordão, aos 67 anos, assinalando que ex-futebolista "deixa saudades". "Foi um grande atleta e que deixa saudades. Estou muito chocado", afirmou em declarações à agência Lusa Hilário, atualmente com 80 anos, que terminou a carreira quando Jordão ainda representava o Benfica, em 1972/73.

O antigo defesa dos 'leões', lembrou Jordão como "grande jogador e homem" e salientou a passagem do antigo avançado não só pelo Sporting, mas também pelo Benfica, clube no qual foi igualmente uma "referência".

António Simões, internacional português que partilhou o balneário do Benfica e da seleção nacional com Rui Jordão, falou de "um jogador simplesmente extraordinário". "Desportivamente, desapareceu quando deixou os relvados e refugiou-se nesse talento [pintura], nessa capacidade. Depois de Eusébio, foi o português que vi jogar com mais talento naquela função. Simplesmente, extraordinário. Estou triste, desapontado, porque partiu tão cedo. Cada vez que vai um embora é um bocadinho de mim que também vai embora", referiu à SportTV.

Augusto Inácio, amigo e antigo colega de equipa de Rui Jordão no Sporting, diz ter sido "um privilegiado" no convívio que manteve com o antigo avançado do Sporting, um "homem especial". "No dia-a-dia tinha um mundo muito próprio, muito dele, não deixava aproximar-se qualquer um (...) e eu era um dos privilegiados. Sempre nos demos bem, muitas vezes íamos jantar juntos, notava-se bem que era um homem especial, a abertura dele para fazer amigos tinha que ser com alguém de quem gostasse muito", lembrou Inácio à agência Lusa.

O antigo defesa e atual treinador lembrou que esteve há pouco mais de uma semana com Jordão, com o antigo jogador já hospitalizado, e que recebeu das suas mãos um livro de gravuras, ilustrativo da sua paixão pela pintura. "Estava a dizer-me: olha o mundo onde estive depois do futebol. E fez-me uma dedicatória", lembrou Inácio.

"Marcou a diferença no futebol português, lembro bem o penálti contra a Rússia, no Estádio da Luz, que nos daria a qualificação para o Europeu de 1984. Estádio completamente cheio e ganhámos por 1-0 à Rússia e fomos ao Europeu. A frieza com que encarava as coisas", assinalou Inácio.

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