"As pessoas não andam na rua com pulseiras para comprar cigarros"

Álvaro Covões, diretor do Nos Alive, recusou-se desde sempre a implantar um sistema de identificação de menores com pulseira. Este ano, mantém a política de pedir cartão de cidadão aos festivaleiros.
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- Mantém a decisão de não usar pulseiras para identificar menores no Nos Alive, que começa na quinta-feira?

- Artigo 70.º do Código Civil: é proibido discriminar. A lei já existia. Dizia que cerveja e vinho era proibido a menores de 16 anos, agora é proibido a menores de 18. O problema não se põe. As pessoas não andam na rua com pulseiras para comprar cigarros. Não sei quem inventou isso, mas deve ter uns tiques neonazis.

- Foram detetados menores a consumir bebidas alcoólicas no festival.

- Conseguiram? Sei lá. Não sou polícia. Quem é que o legislador se julgou para dizer um pai que não pode dar uma cerveja a um filho de 17 anos? O nosso Presidente da República disse numa entrevista que desde os 12 anos se bebia vinho em jantares especiais.

- Como fazem para controlar os problemas de entrada de substâncias ilícitas no recinto?

- Neste tipo de eventos, tudo o que tem a ver com segurança não somos nós que fazemos, é a polícia. A polícia faz uma revista. As coisas são feitas com naturalidade. As pessoas vêm para se divertir. Basta ver o número de evacuações. Por drogas nunca tivemos. Por álcool, um, se foi muito. A taxa de bom comportamento é gigantesca. Temos de ver as coisas pela dimensão. Estamos num evento com 55 mil pessoas por dia. O problema põe-se quando temos sirenes a tocar e pessoas a serem evacuadas.

- Como se concilia a fiscalização de venda de álcool a menores com o facto de um dos maiores patrocinadores ser uma marca de cerveja? O interesse deles é vender o máximo possível.

Os empresários e as empresas não são uns malandros. A preocupação de cumprir a lei sempre existiu. Antes para maiores de 16 anos, agora para menores de 18. O que mudou? O escalão. Antes punham-se pulseiras.

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