As imagens que temos de buracos negros são ilustrações. Como são na verdade?
Nada escapa a um buraco negro, nem a luz. Estes objetos celestes têm campos gravitacionais tão intensos que nada consegue fugir à sua atração, mas estão longe ser espaço vazio. Então como podem ser vistos? A verdade é que nunca foram observados diretamente e que as imagens que temos são ilustrações.
Os cientistas garantem que são até mais comuns do que se pensava anteriormente, e já estavam previstos na Teoria da Relatividade Geral de Einstein, mas não podem ser vistos diretamente com telescópios. Apesar das limitações na observação, o anúncio da deteção, pela primeira vez, de ondas gravitacionais, no início de fevereiro, constitui mais uma prova da existência de buracos negros.
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Além disso, muitos buracos negros são minúsculos, explica o astrofísico Dimitrios Psaltis, citado pela Vox. Um exemplo? "O maior buraco negro no céu está no centro da via Láctea e fotografá-lo seria o equivalente a tirar uma fotografia de um DVD na superfície da lua", diz o especialista da Universidade do Arizona.
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Assim, a presença de buracos negros é detetada (ou inferida) através dos seus efeitos gravitacionais na matéria em volta. As imagens que existem são portanto "indiretas", nomeadamente de raios-x produzidos pela fricção e alta velocidade do material afetado pelo buraco negro.
Em março de 2011, por exemplo, o observatório Swift da NASA detetou intensas emissões de raios-x que os cientistas pensam terem sido causadas por um buraco negro a devorar uma estrela - como se pode ver no modelo no vídeo.
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Em janeiro o observatório Chandra captou duas enormes ondas de gás a sair de um buraco negro, um exemplo de interação entre um buraco negro com a sua galáxia de origem.
No entanto, os cientistas ainda não desistiram de tirar um retrato mais fiel dos buracos negros (ou pelo menos das suas imediações) e existe um projeto, o Event Horizon Telescope (Horizonte de Eventos), que tem esse objetivo. Um grupo de cientistas reuniu-se em janeiro para impulsionar esta ideia, que visa criar uma rede mundial de 50 radiotelescópios poderosa o suficiente para tirar uma fotografia do buraco negro no centro da Via Láctea, ou seja, um telescópio virtual do tamanho da Terra.