"As crianças são burros de carga"
Porquê esta iniciativa? Está relacionada com a sua experiência pessoal?
Há muitos anos que ouço as preocupações de pais, comunidade escolar, comunidade médica e científica neste sentido. O que me move é o facto de ter dois filhos (5 e dois 2) e não querer que eles venham a ser burros de carga como são as crianças. Não faço isto só pela minha família mas também por todas as crianças. Porque está provado que isto pode ter consequências na saúde.
No seu tempo não era assim?
Não, não era. E isto é uma questão de saúde, o peso excessivo afeta o desenvolvimento da coluna. Isto é criminoso e a sociedade já está a alertar para este problema há mais de uma década e nada foi feito. Esta foi a forma que eu e a jornalista Cláudia Pinto arranjámos para tentar que esta situação mude.
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Acha que há omissão do poder político?
Pelos vistos sim... Acho que chegou a altura de os políticos se responsabilizarem por esta questão. A petição tem neste momento quase 15 mil assinaturas. Com apenas quatro mil fazemos chegar à Assembleia da República, mas se chegarmos às 20 mil assinaturas o próprio Parlamento pode ser obrigado a legislar ou fazer que o organismo competente o faça. Com isto também mostramos que não temos medo dos lobbies...
Quais? Das editoras de manuais escolares?
Pois...
Que soluções apresentam?
A Organização Mundial da Saúde definiu o limite de 10% de peso da mochila face ao peso da criança. Este limite tem de ser cumprido e não é. Algumas escolas também podem optar pelo suporte digital - as que consigam, claro - bem como os manuais escolares podem passar a ser mais leves e mais pequenos. Implementar cacifos nas escolas todas (umas têm outras não) também pode ser uma opção. E responsabilizar também os pais que têm de controlar o peso que os filhos levam às costas.