Arte, Vidro e Ciência em exposição em Almada e em Lisboa
A exposição "Velas Içadas", do canadiano Jamie Wilson Goodyear, uma das sete que compõem este projeto, é inaugurada hoje, às 19:00, no Museu da Água, em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do mestrado criado em outubro de 2009 na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL (FCT/UNL), Márcia Vilarigues, explicou que estas exposições são, a par da tese, o último passo do curso e, quase literalmente, a primeira fornada deste projeto.
"Este é um mestrado direcionado a alunos com formação em Artes ou em Ciência, mas a maioria dos que nos procuraram são artistas. O que tentámos durante estes dois anos foi que, conhecendo o vidro, e através do contacto com a Ciência -- Biologia, Eletrónica, Informática, Química, Conservação e Restauro -- pudessem expressar-se de forma diferente", afirmou.
Dito de forma mais simples, acrescentou, trata-se de "apresentar o vidro como uma opção artística".
A professora explicou ainda que durante o primeiro ano os alunos "têm aulas de Ciência e Tecnologia do vidro, de Química, de História de Arte e as aulas de estúdio, em que aprendem toda uma série de técnicas, como a técnica de sopro, técnicas de pintura, de gravação de vidro", entre outras.
No segundo ano, têm a tarefa de, numa tese, "juntar Arte e Ciência". A forma como o fazem, disse, "não é linear". " tese junta-se uma exposição que cabe aos alunos organizar por completo e que vão inaugurar até setembro.
Jamie Wilson Goodyear, 37, contou à agência Lusa que trabalhava com vídeo e com fotografia "na altura do analógico". Depois fugiu dos computadores e apaixonou-se pelo vidro. Veio estudar para Portugal para aprender a usar a ciência na sua arte.
Sobre a exposição que inaugura na terça-feira, o autor explica que é também resultado "de uma paixão pela história": "Interessei-me logo pela história entre os dois países, Portugal e Canadá, e entre Portugal e a minha terra, Newfoundland, por onde os portugueses andaram", afirmou.
"Comecei a olhar para mapas dos séculos XV e XVI e comecei a fazer âncoras de vidro e a pensar nos exploradores dessa época e em mim mesmo, vindo de outro país e fazendo as minhas próprias descobertas, saindo da minha cultura, sendo trazido para uma nova cultura e aprendendo sobre ela", acrescentou.
O trabalho exposto "é uma manifestação desses pensamentos e ideias". Haverá mapas gravados a laser em vidro, desenhos na parede, conchas, barcos e pequenas âncoras de vidro" e, Jamie tem quase a certeza, "haverá algures um bacalhau na parede".