Arrimadas diz que ainda não desistiu de formar governo
Calma, calma e mais calma. É esta a estratégia da líder do Ciudadanos na Catalunha, Inés Arrimadas, face ao impasse político em que está mergulhada a região. E à pressão por parte do PP e do PS catalão, que dizem que ela deveria tomar a iniciativa para governar.
"Calma e tranquilidade, estamos a fazer o que temos que fazer no momento em que temos de fazer. Não tenho claro que os independentistas vão chegar a um acordo, com gente fugida à Justiça, com gente em Bruxelas e na prisão... Sabemos muito bem aquilo que estamos a fazer", disse Arrimadas, numa entrevista que deu ao El País na casa de família na terra natal, Jerez de la Frontera.
Natural da Andaluzia, Arrimadas, de 36 anos, referia-se aos líderes da Junts per Catalunya e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), respetivamente, Carles Puigdemont e Oriol Junqueras. O primeiro está exilado na Bélgica e se voltar para ser investido presidente do governo catalão depois de o parlamento ser constituído no dia 17 será preso. O segundo encontra-se detido por causa do referendo ilegal de 1 de outubro e poderia, em última análise, ser ele o candidato dos independentistas à liderança da Generalitat. A questão é que mesmo sobre esta questão não há total unanimidade e sintonia no bloco independentista, que renovou a maioria absoluta de deputados nas eleições autonómicas de 21 de dezembro (antecipadas após a ativação ao artigo 155.º por parte do governo espanhol).
Classificando Puigdemont de presidente holograma, a líder do Ciudadanos na Catalunha não descartou nesta entrevista a hipótese de vir ainda a tentar formar governo. O Ciudadanos foi o partido mais votado naquelas eleições (embora a soma dos seus deputados com os do PP e do PS catalão não cheguem para retirar a maioria aos partidos independentistas).
"Fizeram coisas impensáveis. Se não forem capazes, teremos a obrigação de apresentar alternativa, claro que sim, mas quando for o momento, não agora, como queria o senhor Puigdemont. O senhor Puigdemont queria que eu me apresentasse à investidura no dia 18 para que fracassasse", declarou Inés Arrimadas ao El País.
A primeira sessão do parlamento regional da Catalunha foi marcada pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, para dia 17, tendo o primeiro debate de investidura do novo presidente da Generalitat que se realizar até 31 e o voto no dia seguinte. Se o candidato não for eleito pela maioria absoluta dos deputados (68 em 135), haverá um segundo debate e votação em que será necessário apenas maioria simples.
Sobre a pressão do PP e PS catalão sobre o Ciudadanos, Arrimadas recusou precipitar-se por causa dos dois partidos nacionais. "Há quem queira que nos apresentemos à investidura sem o parlamento sequer estar constituído. E isso não se pode fazer (...) Este debate foi aberto pelo PP e o PS com a clara intenção de tapar os seus maus resultados na Catalunha. Que vai dizer um partido que elegeu apenas quatro deputados? Têm que dizer algo sobre o Ciudadanos para que não se fale deles", sublinhou ainda Arrimadas.