O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, criticou esta sexta-feira o projeto do Bloco de Esquerda (BE) sobre autodeterminação de género, em debate no parlamento, considerando-o uma "falta de senso comum" e ameaça "à civilização".."Há aqui uma falta de senso comum. Estamos a destruir a nossa cultura e o conhecimento do que são as pessoas humanas", afirmou Jorge Ortiga à Rádio Sim, do grupo Rádio Renascença..O bispo criticou o projeto do BE que defende a autodeterminação de género aos 16 anos, permitindo a um jovem pedir a alteração de sexo no registo civil, embora essa hipótese, também a pedido dos pais, seja admitida na proposta de lei do Governo, debatida esta semana na Assembleia da República.."Fazer com que um jovem, até aos 16 anos, tome uma decisão para a sua vida toda?... O que são 16 anos? O que significa? Sabemos que hoje se amadurece muito mais tarde, sabemos que mesmo alguém com 25 anos reconhecemos muitas vezes que falta ainda maturidade, falta experiência", questionou..Para o arcebispo de Braga, "há partidos e ideologias" incapazes de "pensar minimamente" e contribuírem para destruir a civilização e a cultura e para "uma sociedade sem valores".."Para onde é que vamos? Que caminho estamos a seguir? Importa que o cidadão português tome consciência. Não basta dizer: 'Eu não concordo, isto é uma estupidez'. Temos que começar a fazer alguma coisa e temos que começar a reagir", disse..A proposta do Governo e os projetos do BE e PAN sobre o direito à autodeterminação de género baixaram quarta-feira à comissão, sem votação, na Assembleia da República..Os partidos vão tentar negociar um texto de substituição, na Comissão de Assuntos Constitucionais, tendo por base a proposta de lei do Governo e os diplomas do Bloco de Esquerda (BE)e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN)..A proposta de lei, discutida na generalidade a par dos projetos do BE e do PAN, estabelece o regime da identidade de género, nomeadamente no que respeita à previsão do reconhecimento civil das pessoas intersexo (pessoa que nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino)..De acordo com a proposta de lei, deixa de ser preciso um relatório médico para a mudança no registo civil e é alargada a possibilidade desse pedido a pessoas a partir dos 16 anos (atualmente a idade mínima é de 18 anos)..A proposta do executivo prevê a possibilidade de "crianças 'trans' poderem usar na escola o nome com que se identificam".