Aqui há fantasmas na selva

Posto Avançado do Progresso, Hugo Vieira da Silva
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É o primeiro filme português a chegar depois da fornada dourada da Berlinale deste ano. Um filme fora do baralho que adapta o romance de Joseph Conrad, An Outpost of Progress, uma história de um posto comercial de marfim gerido por dois novos empregados acabados de chegar da Europa no Rio Congo do final do século XIX.

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Posto Avançado do Progresso toca em temas tabu da colonização portuguesa, ainda que com um estrondo também universal. É sobre quem caça e é caçado. Depois, tira-nos o tapete e é também uma variação do filme de fantasmas. Os brancos, muito brancos, são vistos pelos locais como mortos e fantasmas da selva. A partir daí as imagens ganham uma insubordinação contagiante e a verdade é que Hugo Vieira da Silva continua a fazer um cinema de coreografia e de corpos. É um caso único no atual panorama português, capaz de encarnar a fidelidade a uma hipótese de burlesco absolutamente insana. Se tivesse um desbaste de uns bons 20 minutos ganharia uma consistência maior. Ainda assim, este manifesto de figurações e derivações da nossa História é para descobrir sem medos e para abraçar toda a demência...

Classificação: ***

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