Apresentadora da Fox News suspensa por comentário islamafóbico. Trump defende-a.

Apresentadora da Fox News Jeanine Pirro viu o seu programa suspenso por ter questionado se as crenças religiosas de uma deputada muçulmana eram compatíveis com a Constituição americana.
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Jeanine Pirro, ex-juíza, republicana e atual apresentadora da Fox News, viu a sua participação no canal ser suspensa, depois de ter questionado o patriotismo da deputada Ilhan Omar. Apesar de muitos serem a favor da decisão da Fox News, existem pessoas contra a saída de Pirro, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No passado dia 9, Pirro questionou a lealdade da deputada muçulmana Ilhan Omar com o país, devido a esta utilizar hijab. "Pense nisto. Omar utiliza um hijab, que de acordo com o Alcorão 33:59 diz às mulheres para se cobrirem para não serem violadas. A sua adesão à doutrina islâmica mostra que esta adere à lei da sharia, que é contrária à Constituição dos Estados Unidos?" Questionou no ar, afirmando a impossibilidade de seguir a sharia e a Constituição americana.

A Fox News condenou a atitude de apresentadora, afirmando, em comunicado, que as suas palavras "não refletem o nosso canal" e diz já terem abordado o assunto diretamente com Pirro, citando a CNN. No sábado passado, dia 16, o programa, Justice With Judge Jeanine - Justiça com a Juíza Jeanine - não foi emitido, o que fez Trump e outros fãs da ex-juíza reagirem.

O presidente apelou ao regresso de Pirro e do seu programa ao canal. No seu Twitter, Trump escreveu, no domingo, "tragam de volta a Juíza Jeanine Pirro" e acusou os democratas de trabalharem em conjunto com as "notícias falsas" para tentarem "silenciar a maioria do nosso país".

Trump diz que a Fox News é o canal "número um" e afirma que a competição está com "ciúmes". O presidente diz que a Fox "tem de se manter forte e lutar com vigor. Parem de trabalhar tanto para serem politicamente corretos, isso apenas vos manda abaixo e continuem a lutar pelo nosso país".

Além de defender Pirro, Trump defende o também apresentador da Fox News Tucker Carlson, que foi alvo de uma polémica recente, devido a áudios seus, em que este apelida as mulheres de "extremamente primitivas" e comenta cenários sexuais com menores de idade. Ambos os apresentadores são republicanos assumidos e defendem Trump publicamente.

A ex-juíza recusou-se a pedir desculpas a Omar, visto nunca a ter apelidado de "não americana", mas ter tentado iniciar um debate sobre o tema. A deputada muçulmana agradeceu publicamente a atitude do canal, escrevendo no seu Twitter que "nenhum compromisso com a Constituição deve ser questionado por causa de fé ou local de nascimento". Omar nasceu na Somália e é uma das primeiras mulheres muçulmanas a fazer parte do Congresso americano.

A Fox News não disse quando é que Pirro iria voltar ao canal, mas uma fonte contou à CNN que esta não foi despedida, apenas suspensa. O programa da ex-juíza republicana é um dos mais vistos do canal e existem várias pessoas a apelar ao seu regresso, utilizando a hastag #StandWithJeanine. Pirro não comentou a sua ausência e não partilha conteúdos há mais de uma semana, ao que é pouco habitual.

A atitude de Jeanine Pirro foi condenada por várias pessoas. Bret Stephens, colunista conservador do The New York Times, condenou Pirro no seu Twitter e apelidou-a de ser uma vergonha". Apesar de considerar que "toda a democracia é saudável e que é necessário um movimento conservador saudável", acusa "a Fox News de se ter tornado no principal impulsionador para tornar esse movimento interpelante, idiota e iliberal".

Hufsa Kamal, produtora do Relatório Especial da Fox, com Bret Baier comentou a situação no Twitter, mostrando-se ofendida. "@JudgeJeanine pode parar de espalhar essa falsa narrativa de que, de alguma forma, os muçulmanos odeiam a América ou as mulheres que usam um hijab não são americanas o suficiente? Existem muçulmanos a trabalhar no mesmo canal que a senhora, incluindo eu mesma", disse.

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