Após polémica e abstenção da CDU, esquerda volta ao poder na Turíngia

Há um mês a tentativa de afastar Bodo Ramelow da chefia do governo regional acabou com a CDU de Merkel a votar ao lado da extrema-direita da AfD, desencadeando uma crise política que levou à demissão de Annegret Kramp-Karrenbauer da liderança dos conservadores.
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Bodo Ramelow, do partido alemão Die Linke (A Esquerda), foi reeleito líder do governo do estado federado da Turíngia, mas novas eleições regionais estão já marcadas para abril do próximo ano. Há um mês, a eleição do candidato liberal com o apoio dos conservadores de Angela Merkel e da extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla original) teve repercussões a nível nacional e consequências desastrosas para a União Democrata-Cristã (CDU) da chanceler.

Ramelow foi eleito com maioria relativa à terceira volta, depois de não ter conseguido a maioria absoluta nas duas primeiras votações parlamentares e de ter recusado esta manhã o apoio da CDU, que acabou por se abster. O candidato do Die Linke conseguiu a maioria relativa nas três votações, com o apoio dos restantes partidos da esquerda e a abstenção da CDU, reunindo 42 votos no total de 85.

Na terceira volta, para a qual já não era necessária uma maioria absoluta para vencer, o candidato da Alternativa para a Alemanha (AfD), e único adversário, Björn Höcke, acabou por abandonar a corrida.

O último escrutínio neste estado do leste da Alemanha, no mês passado, teve repercussões na política nacional e consequências desastrosas para o partido de Angela Merkel.

A 5 de fevereiro, a CDU decidiu juntar-se ao partido de extrema-direita AfD e aos liberais para eleger um primeiro-ministro do Partido Liberal Democrático (FDP). O objetivo era evitar que o Die Linke chegasse ao poder, mas a decisão acabou por gerar polémica.

A ainda líder dos conservadores de direita, Annegret Kramp-Karrenbauer, que na altura tinha apelado aos deputados da Turíngia para não votarem ao lado da AfD, acabou por se demitir.

Merkel, que tinha garantido que como chanceler não voltaria a comentar temas de política nacional, acabou por qualificar o sucedido de "indesculpável" durante uma visita de estado à África do Sul.

Depois da contestação nacional, o então primeiro-ministro, Thomas Kemmerich (FDP), afastou-se do cargo e os quatro partidos, Die Linke (que tem a maior bancada), o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes e a CDU assinaram um pacto de estabilidade para impedir que a extrema-direita exercesse um papel dominante no próximo governo.

Bodo Ramelow, de 64 anos, pretende manter a coligação "vermelho-vermelho-verde" que integra o Die Linke, os Verdes e o SPD. No total 85 deputados votaram nesta eleição parlamentar em Erfurt, capital da Turíngia.

Durante a votação, dezenas de manifestantes protestaram em frente ao parlamento regional contra a AfD e a extrema-direita.

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