Após 50 horas de cirurgia gémeas siamesas foram separadas
Duas irmãs gémeas paquistanesas unidas pela cabeça, Safa e Marwa Ullah, de 2 anos, foram submetidas a três operações para se separarem no Great Ormond Street Hospital (GOSH) em Londres.
De acordo com o The Guardian, ao fim de três operações as gémeas foram, finalemente, separadas. As meninas nasceram por cesariana e eram gémeas cranióopagus, com os crânios e vasos sanguíneos fundidos. Esta não é a primeira vez que o hospital realiza este tipo de operações, também em 2006 e 2011 os profissionais de saúde separaram gémeos.
Segundo o jornal britânico, os especialistas utilizaram a realidade virtual para criar uma réplica da anatomia das meninas, o que permitiu que se visualizasse a estrutura complexa dos seus crânios bem como o posicionamento dos vasos sanguíneos. Foi utilizada impressão a 3D para criar modelos de plástico das estruturas que poderiam ser usadas para a prática e foram criados guias de corte para os cirugiões trabalharem com mais precisão.
O hospital partilhou um vídeo no qual explica como é feita a cirurgia para separar os crânios das irmãs. Os médicos inicialmente separaram os vasos sanguineos e os cérebros das meninas. "Depois é colocada uma peça de plástico entre ambos os cérebros e, internamente, já temos duas crianças individuais" está escrito nas legendas do vídeo. "Concentramo-nos agora no crânio e na pele, colocamos expansores de tecido para esticar a pele e a reconstrução final é feita reconstruindo o topo das cabeças com o próprio osso e pele", acrescentam as legendas.
Durante a cirurgia, Safa sofreu coágulos nas veias do pescocço. Com receio de estarem a perder a criança, os profissionais deram-lhe uma veia chave que ambas partilhavam, no entando esta situação fez com que Safa tivesse um derrame de menos de 12 horas devido à perda da veia.
À cirurgia principal seguiram-se vários procedimentos menores para que as gémeas tivessem uma vida independente. No total, as operações somaram mais de 50 horas e envolveram 100 elementos da equipa do hospital.
As meninas tiveram alta no dia 1 de julho e ficaram em Londres juntamente com a mãe, Zainab BIbi, o avô Mohammad e um tio, Mohammad Idrees. Ainda que a cirurgia tenha corrido bem, a fisioterapia diária faz parte da reabilitação das crianças e a mãe das gémeas manifestou-se quanto ao sucesso da intervenção cirúrgica: "Estamos gratos ao hospital e à equipa. Gostávamos de agradecer a todos por tudo o que fizeram. Estamos entusiasmados com o futuro", afirmou Zainab.
De acordo com o The Guardian, em comunicado, os líderes da equipa que operou as gémeas, o neurocirurgião Noor Ul Owase Jeelani e o cirurgião craniofacial David Dunaway, mostraram-se satisfeitos com os resultados. "Estamos muito felizes por poder ter ajudado esta família. Foi uma jornada longa e complexa para todos mas a fé e determinação foram muito importantes para ajudá-los a enfrentar os desafios. Estamos orgulhosos das gémeas e da família. Também estamos incrivelmente orgulhosos da equipa responsável pelo tratamento e atendimento nos últimos 10 meses. O GOSH é realmente um dos poucos hospitais com infra-estrutura e perícia para realizar este tipo de operações com sucesso".