O estímulo às empresas para que transformem contratos a prazo em permanentes voltou a ser menos aproveitado. Apenas 37 vínculos precários foram convertidos em permanentes ao longo do último ano com apoios do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), abaixo dos 57 contabilizados em 2018 e dos 171 registados em 2017..A informação consta do último Relatório sobre o Progresso da Igualdade entre Mulheres e Homens no Trabalho, enviado neste mês ao Parlamento, que faz um balanço das políticas ativas no mercado de trabalho para colocação e formação de desempregados..Em 2019, as empresas que recorreram ao apoio do IEFP à conversão de contratos tinham direito a receber 2178,8 euros por trabalhador passado aos quadros, valor que poderia chegar aos 2838,44 euros pela conversão de contratos a trabalhadores do sexo sub-representado na empresa. Nos 37 pedidos de apoio concedidos, 29 visaram a integração de mulheres e oito a de homens..A medida regista uma fraca adesão quando se considera o peso dos contratos a prazo no emprego português. No ano passado, havia cerca de 719 mil trabalhadores com vínculos precários num universo de mais de quatro milhões de trabalhadores por conta de outrem, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE)..Com a pandemia do novo coronavírus, e desemprego crescente associado, estes têm sido os vínculos mais penalizados com a perda de trabalho. No final do segundo trimestre eram já menos de 579 mil os trabalhadores precários, num universo de 3,9 milhões de trabalhadores por conta de outrem..A partir deste mês, os empregadores têm a oportunidade de passar muitos destes trabalhadores aos quadros com um apoio que, devido à pandemia, se tornou bastante mais generoso. O apoio à conversão de contratos, o Converte+, tem agora como limite 3071,67 euros, contemplando uma série de majorações que, acumuladas, permitem chegar aos 4607,51 euros. Por exemplo, integrando no quadro, onde o sexo feminino é menos de um terço do pessoal, uma mulher em família monoparental que resida num concelho considerado economicamente desfavorecido, como Lourinhã, Estremoz ou Vouzela..A medida aplica-se aos contratos a prazo em vigor a 19 de setembro e que sejam convertidos a partir de 21 de setembro, e as candidaturas podem ser apresentadas online junto do IEFP..Mas esta não é a única medida de apoio ao emprego com baixa adesão. Por exemplo, a medida Reativar, com bolsas para estágio profissional de desempregados de longa e muito longa duração, teve um único beneficiário no ano passado..Também os estágios de emprego, para apoio ao primeiro emprego de jovens e à reconversão de trabalhadores mais velhos, contaram apenas com 28 pedidos de apoio. Já os estágios profissionais, destinados aos desempregados que têm no mínimo o ensino secundário, tiveram 35 841 beneficiários, num crescimento de 56% em relação ao ano anterior..Outra das medidas que os dados do IEFP mostram ter tido uma adesão bastante limitada é a do apoio ao regresso de emigrantes a Portugal, que teve início no ano passado. A medida, que complementa as reduções fiscais em IRS concedidas pelo fisco, teve apenas 241 beneficiários, 73% dos quais homens..O apoio destina-se a quem tenha saído do país até ao final de 2015 e inicie atividade laboral em Portugal até ao final do próximo ano. Inclui um apoio financeiro máximo de 2632,86 euros, que pode ainda ser majorado quando o regresso implique a vinda de mais membros do agregado familiar ou quando o retorno seja para viver no interior do país. Somam-se apoios com custos das viagens, transportes de bens e reconhecimento de qualificações, que podem alcançar até 3071,67 euros..Maria Caetano é jornalista do Dinheiro Vivo