O discurso de Macron, o aperto de mão Trump-Putin e o atraso

A capital francesa recebe este domingo sete dezenas de líderes mundiais para celebrar o centenário do armistício. Presidentes americano e russo não deve ter encontro bilateral mas cumprimentaram-se. Presidente francês lançou apelo a que se lute pela paz
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São mais de sete dezenas os líderes mundiais reunidos em Paris para celebrar o centenário do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial, mas os olhares estavam centrados em Donald Trump e Vladimir Putin. Os presidentes americano e russo chegaram a ter previsto um encontro a dois na capital francesa, mas acabaram por desistir da ideia. Esta manhã apertaram as mãos junto ao Arco do Triunfo, onde decorreram as cerimónias que assinalam o fim da Grande Guerra.

"Vamos construir esperanças em vez de lançarmos os nossos medos uns contra os outros", afirmou Emmanuel Macron num discurso diante das sete dezenas de chefes do Estado e do Governo reunidos debaixo do Arco do Triunfo. Rejeitando o nacionalismo, que descreveu como "uma traição ao patriotismo", o presidente francês apelou aos líderes mundiais para lutarem pela paz.

Num discurso que durou 20 minutos, Macron pediu ao mundo que não esqueça as lições do passado e garantiu: "Acabar com a esperança devido ao fascínio pela retirada, a violência e o domínio seria um erro pelo qual as gerações futuras nos iriam responsabilizar".

Tapete vermelho​​​

Alguns dos primeiros 70 chefes de Estado e de governo começaram a chegar ao Palácio do Eliseu pelas 08:15 horas de Lisboa, onde foram recebidos pelo presidente francês. Perante dezenas de fotógrafos, Emmanuel Macron recebeu num tapete vermelho os líderes políticos, fazendo-se acompanhar da mulher Brigitte.

Os primeiros-ministros da Suécia, Irlanda, Noruega e Argélia chegaram antes da Chanceler Ângela Merkel e do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau. Também o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, participa nas cerimónias.

Líderes atrasados

Às 11 horas do 11.º dia do 11.º mês foi assinalado o momento em que em 1918 foi assinado o armistício entre os Aliados e a Alemanha, em Compiègne, dentro de uma carruagem de vagão-restaurante, pondo fim a um conflito que fez 40 milhões de mortos. As cerimónias em Paris são uma homenagem aos dez milhões de soldados que perderam a vida na I Guerra.

Mas naquele preciso momento, os líderes ainda não estavam todos reunidos debaixo do Arco de Triunfo. Putin foi o último a chegar, tendo apertado as mãos a Macron, Merkel e Trump. Depois de se ouvir a Marselhesa, o hino nacional francês caminhou debaixo de chuva para ir inspecionar as tropas, antes de voltar ao seu lugar para ouvir Yo-Yo Ma tocar a sinfonia de Bach.

Veja aqui as fotos das celebrações do armistício:

Após a cerimónia, os chefes de Estado têm um almoço oficial no Palácio do Eliseu, e, à tarde, participam no Fórum de Paris sobre a Paz, em cuja abertura discursam Angela Merkel e António Guterres.

O Fórum, que conclui as celebrações, vai reunir 60 chefes de Estado e 30 organizações internacionais para discutir segurança global.

O presidente português vai participar, juntamente com os chefes de Estado da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, numa "masterclass", ou uma aula aberta, com alunos da prestigiada universidade de ciência política de Paris SciencesPo.

Protesto das Femen

O primeiro incidente do dia aconteceu quando a comitiva de Donald Trump, que se dirigia para o Arco do Triunfo, foi interrompida por uma ativista do grupo feminista Femen que tentou chegar aos carros, nua da cintura para cima, como é sua assinatura. A mulher acabou por ser detida pela polícia, não tendo chegado a parar a marcha da comitiva.

A ativista tinha escrito no corpo a mensagem: Fake peacemaker - ou seja, falso pacifista.

Emoção franco-alemã

No sábado, Macron e Merkel não esconderam a emoção durante uma cerimónia na floresta de Compiègne, a norte de Paris, onde foi assinado o armistício há cem anos. Os dois líderes deram as mãos quando evocaram um conflito que não só foi um dos mais sangrentos da História como redefiniu as fronteiras da Europa.

Este domingo, ambos vão liderar um esforço pela paz, para garantir que a História não se repita.

Com Lusa

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