Apartamento na Trump Tower esteve disponível para arrendar no Airbnb
Até à semana passada, era possível ser vizinho - ainda que temporariamente - de um dos homens mais poderosos do mundo por 300 a 450 dólares por noite, o equivalente a 280 a 420 euros. Tudo porque um apartamento na Trump Tower estava disponível na plataforma Airbnb, aparentemente sem o conhecimento das autoridades norte-americanas. O acesso ao emblemático edifício onde vive a primeira-dama, Melania Trump, com o filho Barron, e onde se espera que o presidente dos Estados Unidos passe alguns fins de semana, estava disponível para arrendar através da internet.
O anúncio, que entretanto foi retirado da página do Airbnb, indicava que o apartamento de luxo era espaçoso, tinha uma cozinha elegante e vista sobre a cidade de Manhattan, revelou o New York Times. A localização exata do imóvel não era revelada no site, que adiantava apenas que o apartamento ficava no centro da cidade nova-iorquina, perto do Rockefeller Center e do Central Park.
Os locatários apenas conseguiam perceber onde iriam passar uma temporada após terem feito a reserva.
Mike Lamb, um engenheiro que esteve hospedado no apartamento em dezembro, contou que foi uma experiência "surreal" e "interessante" e que chegou a ver o vice-presidente Mike Pence, no edifício.
Lamb contou ainda que conseguia ouvir os gritos dos manifestantes que criticavam Trump e rodearam a Trump Tower no mês que se seguiu à eleição. "Lembro-me de estar sentado na cama a pensar: eu consigo ouvi-los, pergunto-me se ele os consegue ouvir'", comentou.
"O único inconveniente", conforme descreveu um dos inquilinos nos comentários do Airbnb, é que os hóspedes tinham de ser revistados pelos serviços secretos no hall de entrada. "Um bocado como no aeroporto, mas assim que passar por isso a primeira vez, os serviços secretos não o voltam a incomodar", escreveu um estudante mexicano que pediu para não ser identificado.
O facto de o apartamento estar disponível no site antes, durante e depois das eleições presidenciais levantou algumas questões, visto que a segurança de Donald Trump poderia estar comprometida.
Mark Camillo, que trabalhou para os serviços secretos durante 21 anos e serviu algumas vezes na Casa Branca, explicou ao New York Times que o papel dos agentes de segurança não é determinar quem pode ou não entrar no edifício, apenas revistar toda a gente e procurar possíveis ameaças.
O estudante mexicano contou que durante a revista de segurança é usado um detetor de metais e outra máquina que parece um "raio-x". Ele explicou que disse aos serviços secretos que estava hospedado no edifício, mostrou a identificação e eles não voltaram a fazer mais perguntas.
O anúncio foi retirado do site pouco depois de Lena Yelagina, a mulher que arrendava o apartamento, ter sido abordada por um jornalista do New York Times. Segundo o mesmo jornal, Yelagina é proprietária do apartamento em causa desde 1998 e estava a alugá-lo desde, pelo menos, o mês de setembro. O apartamento já tinha reservas para os meses de março, abril e maio.
De acordo com a lei do estado de Nova Iorque, é proibido arrendar grande parte dos apartamentos da cidade por menos de 30 dias sem a presença de um proprietário. No Airbnb, Yelagina explicava que os hóspedes poderiam ficar, no mínimo, durante três dias.
No site, o apartamento de luxo recebeu avaliações muito positivas e cinco estrelas, nomeadamente pela localização e decoração. A plataforma Airbnb contou que não foi contactada por nenhuma agência de segurança e disse não ter conhecimento de nada antes de ser contactada pelos jornalistas.
"É obviamente uma situação única, por isso removemos o anúncio da plataforma", disse o porta-voz do Airbnb, Nick Papas.