Para muitos especialistas, a Volta à França 2018 decidiu-se já nos gabinetes da União Ciclista Internacional (UCI), com a resolução do caso de doping que perseguia Chris Froome..Ao ilibar o britânico da Sky de qualquer ilegalidade no controlo anómalo registado na última Volta à Espanha, a UCI apontou Froome ao lugar mais alto do pódio em Paris, no próximo dia 29 de julho. Dominador quase absoluto das grandes provas por etapas nos últimos anos, o líder da Sky é o grande favorito à vitória no Tour que arranca neste sábado de Noirmoutier-en-l'Ile, cidade costeira da região do Loire..Esta é, de resto, uma edição na qual Chris Froome pode igualar feitos raros dos maiores nomes da história do ciclismo. Desde logo, se conseguir o que será o seu quinto triunfo na prova (e quarto consecutivo), alcança os lendários Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault e Miguel Indurain, que voltaram a ser correcordistas de vitórias (5) no Tour desde que foram apagadas as sete conquistas do confesso batoteiro Lance Armstrong..E se o fizer, então o britânico junta-se ao "Canibal" Merckx (o belga dominador dos anos 1970 e considerado o melhor de sempre por largas franjas dos adeptos do ciclismo) num feito ainda mais raro: somar o quarto triunfo consecutivo em grandes voltas. O belga venceu o Giro e o Tour de 1972 e a Vuelta e o Giro de 1973, enquanto Froome chega a esta Volta à França como vencedor do Tour e da Vuelta em 2017 e do Giro já em 2018.."A corrida deste ano vai ser o maior desafio da minha carreira", admitiu já o britânico, nascido no Quénia há 33 anos. Um desafio suplementar pela animosidade esperada contra Froome ao longo das estradas francesas. A UCI pode ter arrumado o caso do salbutamol em excesso registado pelo asmático ciclista na Vuelta de 2017, mas a suspeita não desvanece assim numa modalidade que, infelizmente, já deu muitos exemplos de ídolos com pés de barro. E a França (e o Tour) é historicamente o palco mais vigilante..Escaldada com os vários casos de doping que já afetaram, posteriormente, vencedores da Volta à França neste século, a direção do Tour, liderada pelo antigo jornalista Christian Prudhomme, tentou barrar a participação de Chris Froome, o que obrigou a UCI a acelerar o desfecho do processo do homem da Sky, retirando argumentos aos organizadores da mais importante prova velocipédica do mundo..Froome diz entender a posição da ASO (a empresa promotora do Tour), mas frisa o que sempre repetiu ao longo do processo: a inocência. "Eu sabia que não fiz nada de mal. É bom poder fazer um risco sobre o assunto e seguir em frente com o que interessa: as corridas de bicicletas.".Certo é que o britânico vai estar mesmo à partida para esta 105.ª edição da Volta à França como destacadíssimo favorito à vitória. E o presidente da UCI, David Lappartient, pede aos espectadores para "protegerem todos os atletas e respeitarem as decisões judiciais que são feitas, para garantir que todos, incluindo Chris Froome, possam competir num ambiente seguro e sereno no Tour"..Os rivais.No desafio a Chris Froome há um punhado de ciclistas à espreita da oportunidade para derrotar o britânico nas montanhas do Tour, entre os quais se destaca o colombiano Nairo Quintana..Aos 28 anos, o homem da Movistar, que já venceu a Vuelta e o Giro, preparou a época exclusivamente para tentar a grande vitória que lhe escapa, na Volta à França. Segundo em 2013 e em 2015, atrás de Froome, o colombiano ambiciona ser o oitavo ciclista a entrar no grupo dos que conseguiram vencer as três grandes voltas do calendário internacional, depois de no ano passado não ter ido além da 12.ª posição (a sua pior classificação em cinco participações). Neste ano surge ladeado por Alejandro Valverde e Mikel Landa, numa Movistar com três potenciais chefes-de-fila..Segundo em 2017, o colombiano Rigoberto Urán (Education First-Drapac) poderá entrar na luta por um lugar no pódio, assim como o britânico Adam Yates (Mitchelton-Scott), que foi segundo no Critério do Dauphiné, ou o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), apenas batido por Froome no Giro..Romain Bardet (AG2R La Mondiale), com dois pódios nas duas últimas edições, é o francês mais cotado para tentar uma vitória que a França não celebra desde 1985 (Bernard Hinault)..O australiano Richie Porte (BMC), o russo Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), o polaco Rafal Majka (Bora-hansgrohe) e o italiano Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) são outros nomes a considerar na luta pelos primeiros lugares..Sem portugueses.Pela primeira vez desde 2008, a Volta à França não terá neste ano qualquer ciclista português no pelotão..Depois de Tiago Machado ter sido o único representante luso no ano passado, desta vez nem o ciclista da Katusha-Alpecin, nem Rui Costa (UAE-Emirates), com problemas físicos, nem Nelson Oliveira (Movistar) entraram no lote de eleitos das respetivas equipas, que neste ano apenas podem apresentar oito corredores, e não nove (uma das novidades)..A melhor presença portuguesa no Tour continuará assim a pertencer a Joaquim Agostinho, que por duas vezes subiu ao pódio final: terceiro em 1978 e 1979. Continua também a ser o ciclista luso com mais vitórias em etapas: quatro, mais uma do que Rui Costa. A mais famosa de todas, em 1979, no mítico Alpe D'Huez, que neste ano recebe a chegada da 12.ª etapa e em cuja 14.ª curva existe desde 2006 uma placa de homenagem a Agostinho..[twitter:887713768221921280].Principais etapas.No total, são 3351 quilómetros, entre Noirmoutier-en-l'Ile e Paris, divididos por 21 etapas. Como habitualmente, no entanto, são as etapas montanhosas dos Pirenéus e dos Alpes as que geram maior expectativa, além do contrarrelógio individual na véspera da chegada a Paris..O Tour 2018 inclui seis jornadas de alta montanha, com 21 subidas de primeira categoria ou categoria especial, entre as quais algumas que ajudaram a construir a lenda da Volta à França, como La Madeleine, Alpe d'Huez, Tourmalet e Aubisque..Três das etapas de alta montanha têm o final bem lá no cimo: a 11.ª, que termina em La Rosiere, nos Alpes, a 12.ª, com escalada ao Alpe D'Huez, e a 17.ª, que sobe até ao Col du Portet, já nos Pirenéus..Esta última é uma das grandes novidades do percurso deste ano, uma subida que o diretor Christian Prudhomme qualifica como "o novo Tourmalet". Além disso, a própria etapa, de apenas 65 km e três exigentes contagens de montanha, terá um figurino novo, com uma grelha de partida ao estilo Fórmula 1 em que os 20 primeiros partem na frente..Antes das primeiras abordagens à montanha, uma outra novidade exigente: a homenagem do Tour ao inferno do norte, como é apelidada a clássica Paris-Roubaix. É no dia 15, na nona etapa, que o pelotão vai até Roubaix, tendo de ultrapassar 21 km de piso empedrado que tantos estragos costuma fazer na clássica do norte de França..Os sprinters.Outra competição à parte, e sempre muito apreciada, é a da camisola verde, que os sprinters disputam nas etapas planas, sobretudo na primeira semana..Neste ano, e depois de ter sido expulso na edição de 2017, o eslovaco Peter Sagan (Bora-hansgrohe) tenta igualar o recorde do alemão Erik Zabel e conquistar pela sexta vez a camisola da classificação por pontos..Mas terá forte concorrência, numa guerra entre várias gerações de velocistas. Dos mais antigos Mark Cavendish (Dimension Data) e André Greipel (Lotto Soudal) aos mais novos Fernando Gaviria (Quik-Step Floors), Arnaud Démare (Groupama-FDJ) e Dylan Groenewegen (LottoNL-Jumbo), passando por uma geração intermédia com nomes como Marcel Kittel (Katusha-Alpecin) e Alexander Kristoff (UAE-Emirates)..O recordista.Por fim, resta assinalar o recorde de participações na Volta à França que vai ser batido pelo francês Sylvain Chavanel, após a equipa Direct Energie ter confirmado a sua 18.ª presença na prova..O francês, de 39 anos, participa no Tour ininterruptamente desde 2001 e vai passar a somar mais uma edição do que o norte-americano George Hincapie, o australiano Stuart O'Grady e o alemão Jens Voigt..Chavanel tem como melhor resultado final o 18.º lugar na edição de 2009 e já conquistou três etapas, uma em 2008 e duas em 2010, quando chegou a vestir a camisola amarela..[HTML:html|tourdefrance.html|500|500]
Para muitos especialistas, a Volta à França 2018 decidiu-se já nos gabinetes da União Ciclista Internacional (UCI), com a resolução do caso de doping que perseguia Chris Froome..Ao ilibar o britânico da Sky de qualquer ilegalidade no controlo anómalo registado na última Volta à Espanha, a UCI apontou Froome ao lugar mais alto do pódio em Paris, no próximo dia 29 de julho. Dominador quase absoluto das grandes provas por etapas nos últimos anos, o líder da Sky é o grande favorito à vitória no Tour que arranca neste sábado de Noirmoutier-en-l'Ile, cidade costeira da região do Loire..Esta é, de resto, uma edição na qual Chris Froome pode igualar feitos raros dos maiores nomes da história do ciclismo. Desde logo, se conseguir o que será o seu quinto triunfo na prova (e quarto consecutivo), alcança os lendários Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault e Miguel Indurain, que voltaram a ser correcordistas de vitórias (5) no Tour desde que foram apagadas as sete conquistas do confesso batoteiro Lance Armstrong..E se o fizer, então o britânico junta-se ao "Canibal" Merckx (o belga dominador dos anos 1970 e considerado o melhor de sempre por largas franjas dos adeptos do ciclismo) num feito ainda mais raro: somar o quarto triunfo consecutivo em grandes voltas. O belga venceu o Giro e o Tour de 1972 e a Vuelta e o Giro de 1973, enquanto Froome chega a esta Volta à França como vencedor do Tour e da Vuelta em 2017 e do Giro já em 2018.."A corrida deste ano vai ser o maior desafio da minha carreira", admitiu já o britânico, nascido no Quénia há 33 anos. Um desafio suplementar pela animosidade esperada contra Froome ao longo das estradas francesas. A UCI pode ter arrumado o caso do salbutamol em excesso registado pelo asmático ciclista na Vuelta de 2017, mas a suspeita não desvanece assim numa modalidade que, infelizmente, já deu muitos exemplos de ídolos com pés de barro. E a França (e o Tour) é historicamente o palco mais vigilante..Escaldada com os vários casos de doping que já afetaram, posteriormente, vencedores da Volta à França neste século, a direção do Tour, liderada pelo antigo jornalista Christian Prudhomme, tentou barrar a participação de Chris Froome, o que obrigou a UCI a acelerar o desfecho do processo do homem da Sky, retirando argumentos aos organizadores da mais importante prova velocipédica do mundo..Froome diz entender a posição da ASO (a empresa promotora do Tour), mas frisa o que sempre repetiu ao longo do processo: a inocência. "Eu sabia que não fiz nada de mal. É bom poder fazer um risco sobre o assunto e seguir em frente com o que interessa: as corridas de bicicletas.".Certo é que o britânico vai estar mesmo à partida para esta 105.ª edição da Volta à França como destacadíssimo favorito à vitória. E o presidente da UCI, David Lappartient, pede aos espectadores para "protegerem todos os atletas e respeitarem as decisões judiciais que são feitas, para garantir que todos, incluindo Chris Froome, possam competir num ambiente seguro e sereno no Tour"..Os rivais.No desafio a Chris Froome há um punhado de ciclistas à espreita da oportunidade para derrotar o britânico nas montanhas do Tour, entre os quais se destaca o colombiano Nairo Quintana..Aos 28 anos, o homem da Movistar, que já venceu a Vuelta e o Giro, preparou a época exclusivamente para tentar a grande vitória que lhe escapa, na Volta à França. Segundo em 2013 e em 2015, atrás de Froome, o colombiano ambiciona ser o oitavo ciclista a entrar no grupo dos que conseguiram vencer as três grandes voltas do calendário internacional, depois de no ano passado não ter ido além da 12.ª posição (a sua pior classificação em cinco participações). Neste ano surge ladeado por Alejandro Valverde e Mikel Landa, numa Movistar com três potenciais chefes-de-fila..Segundo em 2017, o colombiano Rigoberto Urán (Education First-Drapac) poderá entrar na luta por um lugar no pódio, assim como o britânico Adam Yates (Mitchelton-Scott), que foi segundo no Critério do Dauphiné, ou o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), apenas batido por Froome no Giro..Romain Bardet (AG2R La Mondiale), com dois pódios nas duas últimas edições, é o francês mais cotado para tentar uma vitória que a França não celebra desde 1985 (Bernard Hinault)..O australiano Richie Porte (BMC), o russo Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), o polaco Rafal Majka (Bora-hansgrohe) e o italiano Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) são outros nomes a considerar na luta pelos primeiros lugares..Sem portugueses.Pela primeira vez desde 2008, a Volta à França não terá neste ano qualquer ciclista português no pelotão..Depois de Tiago Machado ter sido o único representante luso no ano passado, desta vez nem o ciclista da Katusha-Alpecin, nem Rui Costa (UAE-Emirates), com problemas físicos, nem Nelson Oliveira (Movistar) entraram no lote de eleitos das respetivas equipas, que neste ano apenas podem apresentar oito corredores, e não nove (uma das novidades)..A melhor presença portuguesa no Tour continuará assim a pertencer a Joaquim Agostinho, que por duas vezes subiu ao pódio final: terceiro em 1978 e 1979. Continua também a ser o ciclista luso com mais vitórias em etapas: quatro, mais uma do que Rui Costa. A mais famosa de todas, em 1979, no mítico Alpe D'Huez, que neste ano recebe a chegada da 12.ª etapa e em cuja 14.ª curva existe desde 2006 uma placa de homenagem a Agostinho..[twitter:887713768221921280].Principais etapas.No total, são 3351 quilómetros, entre Noirmoutier-en-l'Ile e Paris, divididos por 21 etapas. Como habitualmente, no entanto, são as etapas montanhosas dos Pirenéus e dos Alpes as que geram maior expectativa, além do contrarrelógio individual na véspera da chegada a Paris..O Tour 2018 inclui seis jornadas de alta montanha, com 21 subidas de primeira categoria ou categoria especial, entre as quais algumas que ajudaram a construir a lenda da Volta à França, como La Madeleine, Alpe d'Huez, Tourmalet e Aubisque..Três das etapas de alta montanha têm o final bem lá no cimo: a 11.ª, que termina em La Rosiere, nos Alpes, a 12.ª, com escalada ao Alpe D'Huez, e a 17.ª, que sobe até ao Col du Portet, já nos Pirenéus..Esta última é uma das grandes novidades do percurso deste ano, uma subida que o diretor Christian Prudhomme qualifica como "o novo Tourmalet". Além disso, a própria etapa, de apenas 65 km e três exigentes contagens de montanha, terá um figurino novo, com uma grelha de partida ao estilo Fórmula 1 em que os 20 primeiros partem na frente..Antes das primeiras abordagens à montanha, uma outra novidade exigente: a homenagem do Tour ao inferno do norte, como é apelidada a clássica Paris-Roubaix. É no dia 15, na nona etapa, que o pelotão vai até Roubaix, tendo de ultrapassar 21 km de piso empedrado que tantos estragos costuma fazer na clássica do norte de França..Os sprinters.Outra competição à parte, e sempre muito apreciada, é a da camisola verde, que os sprinters disputam nas etapas planas, sobretudo na primeira semana..Neste ano, e depois de ter sido expulso na edição de 2017, o eslovaco Peter Sagan (Bora-hansgrohe) tenta igualar o recorde do alemão Erik Zabel e conquistar pela sexta vez a camisola da classificação por pontos..Mas terá forte concorrência, numa guerra entre várias gerações de velocistas. Dos mais antigos Mark Cavendish (Dimension Data) e André Greipel (Lotto Soudal) aos mais novos Fernando Gaviria (Quik-Step Floors), Arnaud Démare (Groupama-FDJ) e Dylan Groenewegen (LottoNL-Jumbo), passando por uma geração intermédia com nomes como Marcel Kittel (Katusha-Alpecin) e Alexander Kristoff (UAE-Emirates)..O recordista.Por fim, resta assinalar o recorde de participações na Volta à França que vai ser batido pelo francês Sylvain Chavanel, após a equipa Direct Energie ter confirmado a sua 18.ª presença na prova..O francês, de 39 anos, participa no Tour ininterruptamente desde 2001 e vai passar a somar mais uma edição do que o norte-americano George Hincapie, o australiano Stuart O'Grady e o alemão Jens Voigt..Chavanel tem como melhor resultado final o 18.º lugar na edição de 2009 e já conquistou três etapas, uma em 2008 e duas em 2010, quando chegou a vestir a camisola amarela..[HTML:html|tourdefrance.html|500|500]