8chan. Ao terceiro tiroteio, forum dos manifestos terroristas foi desligado

O criador do 8chan, que o abandonou há um ano, já tinha apelado ao seu encerramento. Foi nesta plataforma que o atirador de El Paso, que este fim-de-semana matou 20 pessoas, anunciou o que ia fazer
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Sem mais contemplações. Esta segunda-feira, a empresa de internet Cloudfire, deixou de fornecer serviço à plataforma online 8chan, fazendo com que este tenha deixado de estar disponível na rede, num encerramento pelo menos temporário.

"Acabámos de enviar a informação de que vamos cancelar a 8chan enquanto cliente efetivo, esta noite, à meia-noite, hora do Pacífico" (menos sete horas do que em Lisboa), escreveu o presidente do conselho de administração da Cloudfire, Matthew Prince, num post do blogue da empresa.

E prossegue: "O motivo é simples: demonstraram que não têm regras e essa falta de regras causou múltiplas mortes trágicas. Mesmo não tendo violado a lei ao recusar-se moderar a sua comunidade onde impera o ódio, a 8chan criou um ambiente em que existe a violação do seu espírito", escreve ainda o patrão da Cloudfire, catalogando o fórum como uma "fossa de ódio".

A decisão surge um dia depois de a Cloudfire ter afirmado à CNN que não tinha intenção de cancelar o serviço à 8chan. Já Fredrick Brennan, o criador da plataforma, que entretanto a deixou o 8chan no ano passado, fez um apelo público para que ela fosse fechada.

O forum online é gerido desde 2015 por Jim Watkins e, na opinião de Brennan, "não está a fazer bem nenhum ao mundo". "É negativo para toda a gente exceto para os utilizadores que lá se encontram. E sabem que mais? Também é mau para eles. Eles simplesmente ainda não perceberam isso", diz.

O 8chan surgiu em 2013 como uma evolução do 4chan, a plataforma de mensagens online mais conhecida nos Estados Unidos, que desde os primeiros tempos suscitou alguma controvérsia por causa do conteúdo ali publicado, muitas vezes ofensivo. Por isso, Brennan criou o 8chan, uma "alternativa amigável e em defesa da liberdade de expressão", mas que acabou por se tornar numa plataforma onde são anunciados tiroteios e recrutados nacionalistas violentos.

Só este ano já foram anunciados três tiroteios no 8chan: em mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, em março, onde morreram 49 pessoas e outras 48 ficaram feridas, outro numa sinagoga de Poway, no sul da Califórnia, em abril, e o deste sábado em El Paso, no Texas.

Embora esteja agora silenciada, nada garante, no entanto, que não volte à luz do dia, utilizando outro serviço de internet. Os gestores do polémico fórum já informaram no Twitter que o 8chan poderá estar "24 a 48 horas" sem funcionar, enquanto procuram "outra solução".

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