A versão portuguesa de "O Duplo" traduzida por António Pescada encontra-se editada pela Relógio d'Água, enquanto "O Arquipélago Gulag" pertence à Sextante, chancela do grupo Porto Editora..De acordo com a APT, foram ainda atribuídas três menções honrosas, duas das quais a Maria Lúcia Lima, pela tradução de "Escutai as Nossas Derrotas", do francês Laurent Gaudé, editado pela Porto Editora, e a Tiago Nabais, pela tradução do chinês de "Crónica de um Vendedor de Sangue", da autoria de Yu Hua e editado em Portugal pela Relógio d'Água..A terceira menção honrosa foi atribuída a Maria João Madeira, pelas suas traduções de "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad, e de "Moby Dick", de Herman Melville, ambas em edições da Guerra e Paz..O vencedor do Grande Prémio de Tradução Literária, António Pescada, nascido em Albufeira em 1938, viveu cinco anos em Moscovo, onde estudou língua e literatura russas..Tradutor de francês, inglês e russo, tornou-se um dos nomes mais respeitados da tradução em Portugal, onde traduziu outros autores clássicos russos como Tolstoi, Boris Pasternak, Ivan Turgenev ou Mikhail Bulgakov..Em 1995 foi galardoado com o Grande Prémio de Tradução do PEN Clube, pela tradução do francês de "A Bela do Senhor", de Albert Cohen.."O Duplo", que nesta edição da Relógio d'Água tem 200 páginas e está publicado na coleção "Clássicos para leitores de hoje", foi originalmente publicado em 1846, quando o autor contava apenas 24 anos, poucos meses após a publicação do seu primeiro romance, "Gente Pobre". .Trata-se da história de um funcionário público obcecado pela existência de um colega, réplica de si próprio, que lhe usurpa a identidade, acabando por levá-lo à insanidade mental e à rutura com a sociedade, um romance no qual já é possível encontrar as inquietações do autor. .A afirmação da liberdade individual contra instituições e normas existentes é centro deste romance, do qual sobressai também a compaixão pela condição dos humilhados, outro tema recorrente na obra do autor. ."O Arquipélago Gulag" foi originalmente escrito clandestinamente entre 1958 e 1967, com a ajuda do testemunho de 227 sobreviventes dos campos do Gulag, tendo o seu manuscrito sido descoberto pelo KGB em 1973, na sequência da prisão de uma colaboradora do autor, que o datilografava. .Na sequência disso, Soljenitsin, que tinha sido galardoado com o Prémio Nobel em 1970, decide publicar o livro no exterior: uma primeira edição em russo aparece em Paris ainda em 1973, a que se segue, no ano seguinte, uma edição francesa..Com quase 600 páginas, esta edição da Sextante, no âmbito do projeto de edição em língua portuguesa das principais obras do autor, é a versão abreviada, num só volume, preparada por Soljenitsin e por sua mulher, Natália, com o objetivo de tornar mais acessível este livro aos leitores estrangeiros e a novos leitores..Através do Grande Prémio de Tradução Literária, a Associação Portuguesa de Tradutores e a Sociedade Portuguesa de Autores procuram destacar a tradução como exercício de autoria em literatura, e dar ao tradutor "o lugar que merece no mundo da cultura nacional e internacional"..Instituído pela Associação Portuguesa de Tradutores (APT), com o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), o prémio, que tem um valor monetário de 2500 euros, vai ser entregue a António Pescada no dia 31, numa cerimónia que decorrerá na Sala-Galeria Carlos Paredes e contará com um apontamento musical por Carlos Alberto Moniz..A APT e a SPA decidiram dar ao Grande Prémio de Tradução Literária (GPTL) o nome de Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães, "em homenagem ao Professor Dr. Francisco José Magalhães, falecido em 2016, que foi um dos pilares da APT e grande impulsionador do GPTL", acrescentou a associação de tradutores.