O advogado António Gameiro, presidente da distrital de Santarém do PS, foi condenado a pagar 45.000 euros à autora de um processo cível que alegou que o também deputado ficou com dinheiro da venda de um apartamento..Na sentença, datada de 31 de março e a que a Lusa teve hoje acesso, a juíza Cristina Almeida e Sousa considera "parcialmente provada e procedente" a ação movida em 2011 contra António Gameiro, condenando-o ao pagamento de 45.000 euros mais juros de mora desde a citação até ao integral pagamento e absolvendo-o do pagamento dos juros de mora pretendidos pela autora (no valor de cerca de 13.000 euros, relativos ao período entre janeiro de 2004 e abril de 2011)..António Gameiro, que vendeu o apartamento enquanto advogado, disse à Lusa não ter ainda conhecimento da sentença, adiantando que irá recorrer "se se vier a confirmar"..A juíza entendeu não ter ficado provado que o valor da venda se destinou ao pagamento da defesa do pai da autora num processo-crime em que o progenitor era acusado ou que tenha servido para custear as despesas com obras para arranjo do apartamento, como alegou António Gameiro no seu pedido de impugnação..A sentença aponta a "natureza equívoca" dos documentos apresentados e a "inverosimilhança de partes dos factos que pretendem atestar", bem como "a falta de conhecimento direto dos factos" revelada pelas testemunhas e a "falta de credibilidade doutras"..Sublinha ainda que António Gameiro "não juntou um único recibo nem documentos contabilísticos que sustentem minimamente a prestação de contas que invocou" e refere um documento que "contém itens completamente inverosímeis" -- como 500 euros em telefonemas para o estabelecimento prisional onde estava o pai da autora num único mês -- e "contradições" que lhe "retiram toda a credibilidade"..Como exemplo, a juíza refere a declaração em que outro advogado afirma ter recebido 16.000 euros para defesa do pai da autora, sem que exista qualquer certidão que ateste que foi constituído seu defensor..O recurso da sentença do pai da autora está em nome de António Gameiro e não existe qualquer procuração a nomeá-lo como representante, nota..No seu pedido de impugnação, António Gameiro alegava que, como não trabalhava em direito penal, solicitou a defesa a outros advogados e que prestou contas à autora numa viagem que fez à Austrália em dezembro de 2003, dois meses depois da venda do imóvel, na companhia de um outro advogado, que foi sua testemunha, tendo ela concordado e nada lhe devendo.