António Costa usou Falcon para viagem privada? Oposição quer explicações

Primeiro-ministro usou avião do Estado para ir "dar um abraço a Mourinho" e sentou-se ao lado de Viktor Orbán.
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Marcelo Rebelo de Sousa sabia: "O primeiro-ministro ia para uma reunião internacional e entendeu que devia dar um abraço a José Mourinho. Ele disse-me "é um português que está envolvido, vou-lhe dar um abraço, pode ser que dê sorte" e quase ia dando".

António Costa fez escala em Budapeste, em 31 de maio, quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que o evento tivesse sido colocado em agenda. O primeiro-ministro, noticiou o Observador, viajou num Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa e assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considera "lamentável que o primeiro-ministro tenha decidido parar uma viagem oficial para ir ver futebol, que tenha usado recursos de uma viagem oficial do Estado para fazer essa paragem. Acho ainda mais lamentável que tenha visto este jogo de futebol ao lado de um, enfim, líder autoritário [Viktor Órban] de extrema-direita de um país como é o da Hungria".

O secretário-geral do PCP considera que "não é normal" a escala do primeiro-ministro em Budapeste, quando viajava numa aeronave da Força Aérea, para assistir a um jogo e afirmou que a situação deve ser esclarecida.

"Sendo uma notícia, tem de ser esclarecida pelo primeiro-ministro, naturalmente, defendeu, considerando que "não é normal, mas todos os problemas do país fossem esses".

O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, ironizou dizendo que é o "normal da governação socialista". No twitter resume a critica a uma frase: "Falcon utilizado por António Costa fez uma escala em Budapeste para que o primeiro-ministro assistisse à final da Liga Europa em Budapeste, ao lado de Viktor Órban (...) Enfim, nada de novo. Mais uma sexta-feira normal da governação socialista."

O mesmo tom, a ironia, é usado pelo líder da JSD que recorreu às palavras de Costa quando num debate, em janeiro de 2022, disse que "comigo [ Ventura] não passará". Alexandre Poço recriou a frase: "Para todos os democratas: António Costa não passará."

Paulo Rangel, vice-presidente do PSD e eurodeputado, exige explicações de António Costa mas não espera obter grandes respostas porque há "um padrão de comportamento de fugir às responsabilidades".

"É com certeza uma visita privada e isso não pode se feito com meio público", insistiu.

Miguel Poiares Maduro, ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional no governo de Passos Coelho, sublinha que "num Estado sério um PM usar um avião do Estado para um evento fora da sua agenda pública era o fim do percurso político desse PM", afirmou.

A ex-eurodeputada do PS Ana Gomes, no Twitter, relaciona o encontro entre Costa e Orbán com a possibilidade, que muitos admitem, de secretário-geral do PS pretender um cargo europeu.

E bastaram três palavras: "Uma campanha alegre".

Já André Ventura colocou a tónica na possibilidade de que "podemos inclusivamente estar perante uma ilegalidade" porque o "primeiro-ministro não é dono dos equipamentos do Estado que são pagos pelos contribuintes (...) O que significa que, de alguma forma, um equipamento do Estado foi utilizado para finalidades que, não sendo secretas, foram mais privadas do que políticas ou públicas".

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