António Costa foi escutado acidentalmente em processo de corrupção
A Procuradoria-Geral da República informou esta terça-feira, em comunicado, que o primeiro-ministro interveio acidentalmente em conversas telefónicas que foram intercetadas durante uma investigação de crimes de corrupção, tendo sido essas mesmas escutas destruídas por serem "estranhas ao processo". A investigação estava relacionada com a atribuição de vistos no Centro Comum de Vistos de Cabo Verde.
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"No âmbito de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, investigam-se factos relacionados com a atribuição de vistos no Centro Comum de Vistos de Cabo Verde", começa o comunicado, referindo que em causa estava a prática de crimes de corrupção passiva e auxílio à emigração ilegal. "No âmbito deste processo tiveram lugar várias diligências, designadamente uma diligência de busca e apreensão no Centro Comum de Vistos, que funciona nas instalações da Embaixada de Portugal em Cabo Verde".
Salientando que o inquérito não tem arguidos e que Bernardo Lucena, assessor diplomático de Costa - antigo embaixador de Portugal em Cabo Verde - não é suspeito nos autos, o comunicado da PGR informa que "entre as diligências realizadas, confirma-se que foram intercetadas comunicações telefónicas nas quais intervém acidentalmente o primeiro-ministro", tendo sido determinada a destruição imediata "dos elementos relativos a essas mesmas interceções telefónicas" por se considerarem "manifestamente estranhas ao processo e sem qualquer relevância para a investigação".
No passado mês de agosto, soube-se que o Ministério Público está a investigar um alegado esquema fraudulento na emissão de vistos em Cabo Verde. Segundo o jornal cabo-verdiano A Nação, há quem aceite pagar 500 mil escudos por um visto ilegal para entrar em Portugal apenas para evitar uma recusa ou para não ter de passar horas numa fila.