Estado do País? Cinzento. Um país que tem aspetos positivos, tem aspetos menos bons, mas onde se olha muito para o dia seguinte e pouco para as gerações que nos vão seguir..Maioria absoluta. Às vezes é melhor ter uma minoria absoluta do que uma maioria absoluta. A maioria absoluta, no contexto parlamentar português, em que os deputados são a voz do dono, acaba por ser muitas vezes redutora..Dívida? A dívida, ao contrário do deficit, não é uma fotografia, é um filme, que reporta a uma série de anos. E deve ser, seja a nível familiar, seja a nível empresarial, e neste caso, creio que é a pergunta que me está a fazer, a nível do Estado português e do país, é uma variável extremamente decisiva, porque o que é a dívida? A dívida é um cheque sobre as gerações futuras. E quando nós estamos a criar dívida, estamos a pedir aos nossos filhos e netos que paguem o excesso de despesa que tivemos no presente..Crise. A crise, dizem os chineses, é a soma de dois símbolos: um que significa perigo e outro que significa oportunidade. Prefiro dizer de outra maneira: as crises são sempre negativas, mas também são ocasiões para discernimento e para aumento da lucidez na relação entre os meios e os fins e, portanto, na busca das melhores soluções..Abusos na Igreja. Condenáveis, em absoluto. Sou católico e condeno como cidadão, mas sinto-me profundamente entristecido como católico. Mas, evidentemente, os abusos na Igreja não são apenas na Igreja. É uma questão que hoje exige muito maior escrutínio e ainda bem que se tem feito e que, na Igreja, já se chegou a um conjunto de conclusões que têm de ser desenvolvidas e também têm de ser, no caso dos abusados, indemnizados, quer do ponto de vista moral, quer até, se for o caso, do ponto de vista pecuniário..Um livro? Podia falar de livros que estou a ler ou de livros que estou a escrever. Neste momento estou a escrever uma parte adicional de um livro sobre árvores. Dedico-me em parte à botânica. O livro que saiu já há alguns anos chama-se 30 Árvores em Discurso Direto e hoje estou a aumentar para 40 árvores. Depois, estou a ler um livro sobre as contingências da "ditadura da correção política". Vivemos hoje uma sociedade em que já não se diz o que se pensa, mas tem de se pensar bem o que se diz do ponto de vista da correção política..Uma árvore? Hesitaria entre duas. Uma que significa a tenacidade, a bravura, a longevidade, a serenidade, a moderação, a austeridade, no melhor sentido da expressão, e que é a oliveira. Outra que significa a exuberância, a alegria, a beleza, a cor, o fascínio quase musical, que é o jacarandá..Político que equivaleria a cada uma? Jacarandá, começando pela segunda, Marcelo Rebelo Sousa, que tem essa capacidade de olhar para a vida com sentido nas várias vertentes, intelectual, lúdico, de curiosidade, e é, de facto, uma personalidade que tem a exuberância do próprio jacarandá. Quanto à oliveira, assim de repente não me lembro de ninguém, mas costumava dizer muitas vezes que, para mim, a oliveira que conheci melhor do ponto de vista humano foi João Paulo II..Uma lição da pandemia? Há várias, mas, muito sucintamente, a pandemia veio mostrar que, apesar de toda a parafernália tecnológica, desde a Inteligência Artificial, até às forma do tratamento da informação e de relacionamento, veio mostrar-nos que um micro-organismo pode alterar muito a vida das pessoas..Viagem de sonho? É a viagem de retorno, nunca é a primeira vez que vou a um sítio, porque a segunda é sempre melhor, ou a terceira, porque vemos com outros olhos, com outra idade às vezes. Mas responderia Coreia do Sul, onde estive no ano passado, que adoro, Japão, Jerusalém e Sarajevo, na Bósnia..Ouça aqui o podcast: