Antigo líder da ala conservadora da IL anuncia adesão ao Chega

Nuno Simões de Melo quer ajudar partido de André Ventura a "atingir um resultado histórico" nas eleições legislativas, tornando-se "a única alternativa ao socialismo, <em>wokismo </em>e coletivismo na sociedade portuguesa".
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O ex-conselheiro nacional da Iniciativa Liberal (IL), Nuno Simões de Melo, aderiu ao Chega, partido que espera ajudar a "atingir um resultado histórico" nas legislativas de 10 de março de 2024, "para que possa definitivamente afirmar-se como incontornável na política nacional e como a única alternativa ao socialismo e coletivismo na sociedade portuguesa".

Entre os argumentos apresentados por Simões de Melo para se juntar ao partido fundado e liderado por André Ventura, "para que haja um futuro de esperança para as novas gerações", destaca-se a concordância com o manifesto fundador do Chega. Um partido que, nas palavras do seu novo filiado, "pretende menos Estado na economia, que privilegia a iniciativa privada e a liberdade individual e que, simultaneamente, luta pela preservação da família (célula-base da sociedade) e da nação".

A decisão de quem chegou a ser considerado o líder da ala conservadora da IL, autodenominada "liberais clássicos", será divulgada nas redes sociais nesta sexta-feira, véspera de 25 de Novembro, após a sua desfiliação do partido presidido por Rui Rocha ter ocorrido a 25 de Abril. Foi então acompanhado na saída por outros 12 membros que lamentavam que a IL "se tenha afirmado, pelos seus atos, opções e rumo, como mais um partido de esquerda", nomeadamente por os deputados liberais terem votado a favor e optado pela abstenção a projetos de lei do PS e do Bloco de Esquerda sobre autodeterminação da identidade de género em crianças do ensino primário e pré-primário.

A escolha de 25 de Novembro para revelar a adesão ao Chega é justificada por Simões de Melo por ser o dia de celebração da "vitória da democracia pluripartidária sobre o totalitarismo". O coronel na reserva, que foi candidato autárquico da IL em Mafra, faz uma crítica implícita às "linhas vermelhas" da liderança de Rui Rocha em relação ao Chega, defendendo que em democracia "não pode haver 'filhos e enteados', onde uns não se possam considerar 'donos do regime' e os restantes terem que merecer a sua aprovação para existir". Servindo-se do termo depreciativo que a então candidata presidencial norte-americana Hillary Clinton usou para se referir aos apoiantes de Donald Trump, defende uma democracia "onde não existem partidos párias nem os seus eleitores possam ser considerados deploráveis".

Nuno Simões de Melo tinha sido candidato autárquico em Mafra e liderou uma lista ao Conselho Nacional da IL na última Convenção Nacional, que culminou na eleição de Rui Rocha para a presidência da Comissão Executiva do partido. Os "liberais clássicos" elegeram quatro conselheiros nacionais, obtendo cerca de 5% dos votos, e defenderam a candidatura da deputada Carla Castro à sucessão de Cotrim Figueiredo. Dos quatro eleitos já três saíram do partido: Simões de Melo, Mariana Nina e Nuno Carrasqueira.

Mais saídas

Nuno Carrasqueira foi um dos 25 membros da IL que anunciaram uma vaga de desfiliações concretizadas de modo a culminarem a 25 de Novembro. No manifesto "Não foi isto que nos prometeram", revelado pelo Diário de Notícias, lamentaram que "um projeto que podia, de facto, mudar Portugal se tenha tornado numa caricatura daquilo que em 2019 se propôs". Para os signatários, que também incluem o antigo conselheiro nacional Diogo Saramago Ferreira e os ex-candidatos autárquicos Diogo Prates e Fernando Figueiredo, "a proposta que a IL defendia como primordial na sua ação política - o combate sem tréguas ao PS e ao socialismo e comunismo unidos - foi sendo mitigado e transfigurado, por puro cálculo político".

Segundo esse grupo de 25 ex-membros da IL, que consideram ter-se transformado num "partido do regime, sem rasgo e ambição", o caminho seguido pelo partido sob a atual liderança, "fruto da cedências a minorias ruidosas", envolve "apoio e apelo a causas identitárias, num registo 'nem woke, nem anti-woke', de braço dado com as agendas da extrema-esquerda e da esquerda radical".

Desde a Convenção Nacional de 21 e 22 de janeiro, ocorreram também saídas de antigos membros de comissões executivas da IL ligados à candidatura de Carla Castro à liderança. Nomeadamente a de Paulo Carmona, que foi assessor do grupo parlamentar no início da atual legislatura, e teria sido vice-partido do partido caso a deputada tivesse sucedido a Cotrim Figueiredo, e a de Vicente Ferreira da Silva, também ex-assessor do grupo parlamentar.

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