Antigas estrelas colombianas entusiasmadas com o trabalho de Carlos Queiroz
Carlos Queiroz está a ter um fulgurante início de percurso como selecionador da Colômbia. Quase cinco meses depois de ter sido apresentado neste novo cargo, o treinador português está a orientar os primeiros jogos oficiais da seleção cafetera na Copa América, tendo vencido sem contestação o seu grupo com um registo impressionante: três jogos, três vitórias, quatro golos marcados e nenhum sofrido.
Agora, segue-se o bicampeão Chile nos quartos-de-final, numa partida marcada para a madrugada deste sábado (início à meia-noite em Portugal continental) na Arena Corinthians, em São Paulo.
O povo colombiano vive um momento de grande otimismo e até de euforia com as exibições da sua seleção e até já alimenta o sonho de conquistar a segunda Copa América do seu historial, repetindo o feito alcançado em casa em 2001. A acontecer, será a segunda vez que um treinador europeu conquista este troféu, depois do inglês Jack Greenwell ter levado o Peru ao título em 1939.
As antigas estrelas do futebol cafetero, Faustino Asprilla e Adolfo Valencia, assumiram ao DN que o trabalho desenvolvido por Carlos Queiroz até ao momento "é muito bom". Estes dois antigos avançados fizeram parte de uma das melhores gerações do futebol colombiano, nos anos de 1990, mas que não conquistou qualquer título internacional e alimentam agora a esperança de ver a sua seleção voltar a levantar um troféu.
"Sim, somos um dos favoritos a ganhar a Copa América, mas ainda falta muito caminho até alcançar esse objetivo", assumiu Asprilla, que na Europa brilhou ao serviço do Parma e do Newcastle. Já Valencia, antigo jogador do Bayern Munique que era conhecido por El Tren [O Comboio], disse acreditar que "a Colômbia pode ganhar a Copa América, mas há muito boas equipas, um Brasil muito contundente, um Uruguai muito competitivo... até a Venezuela cresceu muito graças aos jogadores que foram para a Europa".
Adolfo Valencia aproveitou a conversa com o DN para "felicitar o professor Carlos Queiroz pelo bom trabalho que tem feito em tão pouco tempo", destacando a "garra que tem caracterizado a equipa". "Vemos uma seleção mais madura, deixou de ser uma equipa que se conformava em campo, agora todos os jogadores correm e ajudam-se uns aos outros", acrescentou. Asprilla mostra-se mais cauteloso, pois diz que "ainda é cedo para fazer uma análise", embora admita que se trata de um conjunto "mais maduro, que joga mais com a cabeça", mas que não tem só a ver com o treinador português, pois em sua opinião "tem muito ver com os vários anos que aqueles jogadores jogam juntos, cada vez se conhecem melhor".
Sem golos sofridos nos três jogos que realizou na competição que está a decorrer no Brasil, a Colômbia é, segundo Adolfo Valencia, "uma equipa muito concentrada defensivamente" e que, além disso, "sabe o que tem de fazer em campo para alcançar os resultados". O antigo avançado, de 51 anos, assume que tem visto "coisas muito interessantes" nestes primeiros jogos com Queiroz no comando.
"Vejo que há um grupo unido e com atitude, o que é fundamental para se conseguir ganhar algo. Tenho a sensação que todos os jogadores sentem o carinho do treinador e por isso estão a responder bem", acrescenta, destacando neste aspeto James Rodríguez: "Há muito tempo que não via o James jogar tão bem na seleção, pois mostrava muito talento nos clubes e depois chegava à seleção e não conseguia expressar todas as suas qualidades."
A primeira grande mudança detetada por Faustino Asprilla prende-se com a mudança de sistema tático. "A seleção mudou de um 4x4x2 para um 4x3x3, o que está a dar bons resultados, afinal tem jogadores de muita qualidade e inteligentes que podem jogar em vários sistemas. Mas tendo em conta as exibições nos três primeiros jogos, estamos muito esperançados que este ano podemos ganhar a Copa América", assumiu, alertando que para isso é preciso passar o Chile, adversário que classifica como "muito complicado".
Asprilla tem, no entanto, uma dúvida em relação a esta seleção da Colômbia. "Até agora nunca estiveram em desvantagem no marcador e preciso de ver como reagem quando estiverem numa situação dessas", acrescentou o antigo futebolista de 49 anos, que no entanto formulou o desejo de que os cafeteros "continuem com a mesma forma de jogar" para chegarem ao sucesso.
Além do impacto imediato que Carlos Queiroz está a ter na seleção colombiana, Adolfo Valencia faz questão de enaltecer "a renovação" que o treinador português está a fazer. "É muito importante pensar na formação e começar a convocar jogadores mais jovens para rejuvenescer o grupo", sublinhou.