Anthony Hudson: "Os All Blacks são uma inspiração para todos nós"
Um inglês na Nova Zelândia e que já foi "batizado" como o jovem José Mourinho. Inspirou-se no trabalho do treinador português para ter sucesso no All Whites?
Felizmente, no início da carreira tive o privilégio de observar o trabalho de grandes treinadores, tanto na Europa como nas Américas. Um deles foi José Mourinho, que conheci quando ele estava no Real Madrid. Aprendi muito com as observações que fiz ao seu trabalho, mas não posso dizer que me inspirei apenas nele, também aprendi com outros. E o trabalho que temos feito na Nova Zelândia é fruto dessa aprendizagem e dos nossos métodos.
Quais são então os grandes objetivos da Nova Zelândia para esta competição?
Essencialmente vamos ver se estamos preparados para defrontar algumas das melhores equipas do mundo, isso é o mais importante nesta prova. Outro dos nossos grandes objetivos é também poder marcar presença no Campeonato do Mundo, como já demonstrámos, e este será mais um teste para essa competição. Está tudo a correr bem na fase de qualificação e um bom desempenho na Rússia também nos preparará melhor para os jogos que vêm aí no resto da qualificação.
Passar da fase de grupos era já sinónimo de sucesso?
Sucesso é ganhar, mas é claro que, para nós, chegar a essa fase já seria muito bom. Afinal de contas, temos grandes seleções no nosso grupo, com muita experiência, uma delas o campeão europeu.
Curiosamente, na altura do sorteioda fase de grupos, ainda em 2016, disse que queria incomodar seleções como a de Portugal...
Claro que queremos. É fantástico podermos competir com equipas como as de Portugal, México e Rússia. Infelizmente, falta-nos esse tipo de competitividade na Oceânia, mas estamos preparados para incomodar. É claro que ninguém nos vê como favoritos, também só podia ser assim, não estamos habituados a este nível, mas isso também servirá para que tenhamos menos pressão e consigamos fazer o que queremos em campo. Como já disse, não vamos à Rússia para marcar presença, vamos lá para ganhar jogos. Queremos fazer que os neozelandeses fiquem orgulhosos daquilo que vamos fazer.
Será bom também para os seus jogadores competirem com futebolistas como Cristiano Ronaldo?
Sim, sem dúvida. É um dos melhores do mundo, tem uma carreira invejável e é um modelo para muitos, como para os jogadores da Nova Zelândia. Eles já estão preparados para defrontá-lo, ou outros do mesmo nível, mas é claro que poderá causar alguma ansiedade aos mais jovens ter pela frente um dos melhores do mundo.
E considera-o mesmo o melhor do mundo? Afinal de contas votou no seu nome para a Bola de Ouro de 2016.
Troféus individuais acabam por ser sempre injustos para alguns, mas não tenho dúvidas nenhumas de que Cristiano Ronaldo mereceu essa distinção no ano passado, por tudo o que conquistou. Há sempre muitas comparações entre ele e Messi, eu não gosto de as fazer, não vou dizer que ele é melhor ou pior. Para mim foi o melhor no ano passado e neste ano está também a realizar uma temporada extraordinária. É muito competitivo, gosto desse tipo de jogadores, que se superam ano após ano.
Ao contrário de provavelmente todas as seleções que marcam presença na Taça das Confederações, na Nova Zelândia o desporto rei é o râguebie não o futebol. É verdade que os All Blacks vos serviram de inspiração para esta prova?
Os All Blacks servem de inspiração a tudo e todos neste país e não apenas pelas provas que vencem e os títulos que já têm. Eles são um exemplo de humildade e de compromisso e já tivemos muitas vezes reunidos com eles. Penso que a inspiração deles pode dar-nos vantagem, mas sem trabalho do nosso lado só a inspiração dos All Blacks também não nos servirá para nada.