Andorra esteve 12 anos sem ganhar e está à beira de completar um ano sem perder

Melhor momento da seleção do país dos Pirenéus, que não sofre qualquer derrota desde que foi goleada na Letónia (0-4) a 10 de outubro do ano passado
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Habituada não só a sucessivas derrotas como a sofrer sucessivas goleadas, a seleção de Andorra parece estar a viver um ponto de viragem. Depois de ter estado 12 anos e 132 dias sem vencer qualquer jogo, desde 13 de outubro de 2004 (1-0 à Macedónia) a 22 de fevereiro de 2017 (2-0 a São Marino), a equipa nacional do país dos Pirenéus não perde um encontro há quase um ano, desde 10 de outubro de 2017.

Desde a goleada sofrida na Letónia ante a seleção local (0-4) há mais de onze meses, os andorranos venceram o Liechtenstein em março (1-0), empataram a zero diante de Cabo Verde em junho, Emirados Árabes Unidos em agosto e Letónia a 6 de setembro e terminaram a receção ao Cazaquistão com uma igualdade a um golo, com os dois derradeiros duelos a contar para a recém-introduzida Liga das Nações da UEFA. "É um torneio que te dá a possibilidade de competir e melhorar, sobretudo aos da Liga D. Agora temos jogos assegurados e graças a isso podemos melhorar o nosso nível, tal como o Luxemburgo, Kosovo e Liechtenstein", consideraram o capitão Ildefons Lima e o selecionador Koldo Álvarez à Marca.

São Marino tirou peso de cima

Apesar de a série invicta ser relativa apenas a 2018, já tinham sido dados sinais positivos no ano passado, a começar pelo fim do jejum de 86 partidas consecutivas sem ganhar. "Ganhar foi como conquistar um torneio. Esta vitoria será um ponto de inflexão", tinha perspetivado o Ildefons, após ter marcado um dos golos com que Andorra bateu o São Marino - o outro foi de Cristian Martínez. "Tirámos um peso de cima. Um resultado positivo mudou tudo. Tirámos de cima esse fardo de 13 anos sem ganhar e desde então que melhorámos muito. Naquele jogo diante São Marino tínhamos toda a pressão do mundo. E tirámo-la de cima", acrescentou.

A esse triunfo, seguiu-se um empate caseiro com as Ilhas Faroé (0-0) e uma surpreendente vitória sobre a Hungria (1-0), antes do regresso à normalidade até ao final de 2017, com cinco derrotas consecutivas, aos pés de Qatar (0-1), Suíça (0-3), Ilhas Faroé (0-1), Portugal (0-2) e Letónia (0-4), as quatro últimas no apuramento para o Mundial 2018.

Agora, a série é francamente positiva, ao ponto de ser considerada à melhor fase de sempre da história da seleção Andorra. Afinal, só perdeu 8 dos últimos 13 encontros, não foi derrotada nos últimos cinco e sofreu apenas um golo em 455 minutos, um recorde histórico para os andorranos. "Temos os pés assentes no chão, mas também queremos desfrutar o momento", comentou Ildefons Lima, central que soma 115 internacionalizações e 11 golos por uma seleção pela qual se estreou em 1997. "Um ano sem perder era algo impensável até há muito pouco tempo. Já nos parecia um êxito não perder um jogo ou conseguir não perder em dois seguidos. Imaginem o que isto significa para nós", confessou.

"Agora corre bem tudo o que antes não corria"

A boa fase da seleção dos Pirenéus surpreende até o próprio selecionador, Koldo Álvarez, no cargo desde 2010. "Nunca pensámos que poderíamos chegar a este nível. Mas se revermos os jogos, apercebemo-nos que os resultados são merecidos", atenta o antigo guarda-redes, que revela mais alguns cuidados com a alimentação e horas de descanso depois da histórica vitória ante São Marino.

"Na realidade não houve grandes mudanças. Simplesmente agora corre bem tudo o que antes não corria. Antes não havia um avançado que esperasse um erro de um defesa do Cazaquistão e agora houve. E a bola ainda bateu no poste antes de entrar", frisou o técnico. "Mas é certo que agora cuidamos mais de alguns detalhes como a alimentação e as horas de descanso. Inclusivamente fizemos um estágio antes de jogar em casa com o Liechtenstein. Isso fortalece o grupo e acaba por ser muito importante", acrescentou o capitão, já a pensar em estender a onda a invicta. Os próximos desafios são as visitas a Geórgia e Cazaquisão em outubro.

Para trás, parecem já estar as humilhantes goleadas. Portugal, por exemplo, impôs um 7-1 em setembro de 2001 e um 6-0 em outubro de 2016. Mas as maiores derrotas de sempre dos andorranos foram ante a República Checa em junho de 2005 (1-8) e a Croácia em outubro de 2006 (0-7).

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