Analistas de política internacional coincidem na ideia de que a islamofobia está a aumentar, sobretudo no ocidente, defendendo que, para a combater, os governos têm de criminalizar o discurso do ódio e o apelo à violência..Em declarações à agência Lusa sobre o aumento da islamofobia numa altura em que já passa quase um mês sobre o conflito entre Israel e o Hamas, o analista Filipe Pathé Duarte realçou que há, paralelamente, uma "associação, retórica e argumentativa, entre segurança, migrações e Islão".."A islamofobia também está a aumentar e aumenta essencialmente no ocidente, tendo em conta um associar, retórico e argumentativo, entre segurança, migrações e Islão", afirmou o também académico da NOVA School of Law de Portugal.."Por outro lado, também associado a esta islamofobia, há alguma dificuldade de integração de fluxos migratórios provenientes de países islâmicos. Não só dificuldade da nossa parte nessa integração, mas igualmente também de uma espécie de 'auto guetização' dessas mesmas comunidades", acrescentou..O mesmo raciocínio mostrou o vice-presidente do Observatório do Mundo Islâmico (OMI), João Henriques, que defendeu que o fenómeno já levou muitos governos a tomar medidas para combater a islamofobia através de legislação contra os crimes de ódio, a par de medidas de prevenção de comportamentos de ódio com base na realização de campanhas de sensibilização do público sobre os muçulmanos e o Islão, destinadas a dissipar mitos negativos e ideias erradas.."A islamofobia está associada a preconceitos negativos contra os muçulmanos e o Islão, que se baseiam na afirmação de que este credo, o Islão, é uma religião inferior e pode ameaçar não só os valores dominantes da sociedade ocidental como a própria integridade física dos cidadãos", sustentou, em declarações à Lusa..João Henriques explicou que, no ocidente, a religião, a tradição e a cultura islâmicas "são vistas como uma ameaça real aos seus valores, aos valores do Ocidente, isto é, da Europa, dos Estados Unidos", sentimento que "pode afetar igualmente não muçulmanos, com base em perceções de nacionalidade ou origem étnica e até de cor"..Mais a mais, acrescentou, a islamofobia "é entendida como o medo, preconceito e ódio contra os muçulmanos", o que leva ao desencadeamento de comportamentos de hostilidade e intolerância por via de ameaças ou de intimidação de muçulmanos..Para combater o fenómeno, Pathé Duarte insistiu que, tal como se deve proceder com o antissemitismo, a islamofobia combate-se criminalizando o discurso de ódio e o apelo à violência e ainda com a consciencialização com base na formação.."Deve avançar-se com essa formação, particularmente de estruturas que lidem diretamente com este tipo de discurso, sejam estruturas de âmbito institucional e público, seja, por exemplo, através dos 'media'", sustentou..O mesmo deve ser feito, defendeu, para combater o antissemitismo, também em alta no Ocidente, maioritariamente na Europa e nos Estados Unidos.."O antissemitismo está a crescer em parte porque, creio, particularmente no Ocidente e na Europa há um antissemitismo estrutural. Sobretudo na Europa, vemos esse antissemitismo estrutural patente na extrema-direita, patente na extrema-esquerda e patente também no Islamismo", afirmou.."Por outro lado, também considero que o anti sionismo também é antissemita e, daí, o antissemitismo estar a crescer. O anti sionismo é antissemita em intenção e efeito, porque aplica uma retórica anti judaica e é usado para privar direitos, demonizar, menosprezar ou até punir todos os judeus ou aqueles que sentem até qualquer conexão com Israel", concluiu..Sobre o mesmo tema, João Henriques considerou o antissemitismo como uma das principais questões que se coloca às sociedades atuais, "apesar de se tratar de um dos ódios mais antigos do mundo, remontando mesmo aos tempos bíblicos", definindo-se como "um preconceito ou hostilidade contra o povo judeu, por, segundo os seus inimigos, serem considerados nefastos para a sociedade em geral".