Ana Moura quer pôr a Caparica a dançar ao ritmo do seu fado
Ana Moura acabava de pisar pela primeira vez o recinto onde quinta-feira começa a terceira edição do festival Sol na Caparica e cedo ficou com a sensação do fado que melhor se enquadra por estas paragens. "Apetece cantar o Dia de Folga. Podem contar com esse. A praia aqui ao lado, pessoas de férias e em lazer sugere uma coisa alegre com música que fale de estarmos livres para fazermos o que mais gostamos", justificava ao DN, apostando desde já em pôr o público a dançar. Sim, a dançar fado na noite de dia 13.
Daí que a fadista esteja decidida a apostar nos fados mais ritmados do álbum Moura, o mesmo que quarta-feira atingiu a dupla platina, chegando aos 30 mil exemplares vendidos. "Que orgulho tenho nisso!", desabafava, colocando várias faixas no alinhamento para o festival organizado pela Câmara de Almada que junta a música portuguesa em dois palcos entre 11 e 14 de agosto.
Ana Moura entra em cena sábado, pelas 21.00 indiferente a uma batida teoria, segundo qual o fado não deve se dançado. "O fado dançava-se no século XIX, mesmo os mais tradicionais e é assim que tem de ser. Cada um deve ouvir música como gosta. Nada deve ser restringido no fado, que tem de despertar sentimentos nas pessoas", justificava a fadista, convicta de que é à boleia dos "ritmos mais festivos" que vai conquistar o público do Sol da Caparica.
E ontem à tarde até teve a oportunidade de fazer um improvisado "ensaio" do tal Dia de Folga, com a participação vocal e palmas de alguns fãs que a acompanharam na visita ao recinto, que já se encontra praticamente pronto para receber o festival. "É isto que espero do público, muita animação e divertimento", sublinhava, enquanto ia olhando à volta para o imenso espaço reservado ao público que circunda o palco principal onde vai atuar.
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Enquanto caminhava pelo imenso relvado do parque urbano confirmava o que alguns artistas já lhe tinham dito. "Amigos meus que aqui atuaram disseram-me que isto funciona muito bem. E é imponente, de facto", declarava, ao mesmo tempo que mantinha o sorriso para ir tirando fotos com o grupo de fãs com quem viajou até à Costa de Caparica. Cerca de 20 pessoas ganharam esse direito após um passatempo promovido pela organização do festival.
Uma das fãs que se destacava era a pequena Matilde, de dez anos, que obrigou a mãe e avó a acompanhá-la ao lado da sua cantora preferida. "Sabe as músicas todas da Ana Moura, porque é só o que toca lá em casa", justificava a avó Maria Cândida, enquanto a neta, mesmo inibida pela presença da artista, lá ia manifestando o desejo de estar na primeira fila. "Já tenho bilhete", revelava, admitindo a avó que a família estará em peso no concerto. "Somos da Caparica, não podemos falhar", referia, tal como o casal António e Paula Rodrigues. "A possibilidade de privar com uma figura como a Ana Moura é algo extraordinário. Além de grande fadista é uma pessoa extremamente simples que consegue cativar o público", dizia António.
Argumentos para animar ainda mais a fadista. "Não estava à espera desta receção numa coisa organizada em tão pouco tempo, mas a verdade é que o autocarro veio cheio", admitia, sendo também por isso que cada vez mais se sente como "peixe na água" quando vai atuar em festivais de verão.
"Chegámos a ponto em que o fado se enquadra em atmosferas inesperadas e o Sol da Caparica tem ainda a particularidade de ser um encontro da música portuguesa, tornando-o muito peculiar", admitia Ana Moura, fazendo fé que a "linguagem mais fresca" que hoje é transversal ao fado terá a capacidade de cativar público dos 8 aos 80.
E uma ida à praia antes de subir ao palco? "Porque não", responde a fadista, excluindo já a possibilidade de se aventurar no surf, a modalidade que anda de braço dado com a música por estes quatro dia, pegando num argumento de peso: "Nos dias de concertos é conveniente evitar os mergulhos por causa dos ouvidos".
Além de Ana Moura vão passar pelo Sol da Caparica nomes como Rui Veloso, Os Azeitonas, Jorge Palma e Sérgio Godinho, The Gift, Aurea, Jimmy P, Deolinda ou C4 Pedro