A artista Ana Moura vai subir ao palco do Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em março de 2023, para apresentar o mais recente disco, Casa Guilhermina, anunciou esta sexta-feira a Sony Music..Os concertos acontecem no dia 18 de março, no Porto, e um dia depois em Lisboa, estando os bilhetes já à venda, com preços que vão dos 25 aos 32 euros..Casa Guilhermina ficou disponível a 11 de novembro liderando o primeiro lugar do top nacional de vendas desde então", recordou a Sony..O novo álbum de Ana Moura, em que a fadista se estreia como letrista e concebido durante o período da pandemia, é "a realização de um sonho", disse a intérprete à Lusa.."A ideia inicial foi estar livre, para poder compor sem amarras, ou seja, sem sentir que só devia recorrer a determinados elementos fadistas... A ideia foi juntar-me com os produtores que escolhi [Pedro da Linha, Pedro Mafama, Conan Osíris e João Bessa] e podermos estar a compor livremente, em minha casa, na altura da pandemia, e acabou por resultar um disco que reúne tantas sonoridades musicais", disse Ana Moura..O título do disco resulta deste espaço de reunião. Numa homenagem à sua avó materna, Ana Moura batizou a sua residência como "Casa Guilhermina", como consta num painel de azulejo que encomendou, numa altura em que se entusiasmou pela pintura de azulejo.."Como o disco foi feito aqui em casa, ficou 'Casa Guilhermina', com todas estas divisões que compõem a casa e consequentemente a mim, foi fazer uma analogia com isso, abrir as portas da minha casa e da Casa Guilhermina, às pessoas para entrarem em todas estas divisões, com todas estas sonoridades, desde a parte mais dançante, a sala, às andorinhas do jardim, até à parte mais íntima da casa que são os quartos", disse..Ana Moura tinha já revelado a sua faceta de compositora noutros álbuns, mas neste assina também algumas letras, além de composições.."Estreio-me como letrista, até agora só tinha feito melodias, sempre julguei que não tinha capacidades para escrever, mas surgiu de uma forma muito espontânea. Comecei a escrever uma história muito íntima e, depois tornou-se tão especial, que me deu vontade em aventurar-me a escrever outras", disse.."Mázia" é uma das suas letras, para a qual compôs a música, outra é "Sozinha lá Fora", também letra e música suas, "Arraial Triste" que escreveu em parceria com Pedro Mafama, sendo a música da dupla com Pedro da Linha..Ana Moura assina ainda "Minha Mãe", que canta no Fado Menor, com Pedro Mafama assina "Jacarandá", que canta numa música composta por si, Mafama e Pedro Da Linha. Os temas "Trigo" e "Colheita" são de sua autoria com música de Conan Osíris..A fadista disse não se sentir exposta por assinar letras: "Acho que as letras não são muito explicitas, há até algumas com a linguagem mais encriptada, que se referem a memórias que eu tenho, mas que outras pessoas podem ter outra interpretação. É curioso que o facto de estar a escrever uma história mesmo minha não me faz sentir exposta"..O álbum "reúne várias sonoridades" incluindo fados, como "Estranha Forma de Vida" (Amália Rodrigues/Fado Bailado, de Alfredo Marceneiro), "Senhora das Dores" (José Luís Gordo/Carlos Macedo), "Classe" (Conan Osíris/Fado Zé Negro, de Francisco José Marques) e "Janela Escancarada", uma nova versão de Ana Moura, Pedro Mafama, Kalaf Epalanga e Toty Sa'Medde de "À Janela do Meu Peito" (Alberto Janes), uma criação de Amália Rodrigues..A tradição africana, particularmente angolana, é notada no álbum, tendo Ana Moura referido o ambiente familiar: "Os meus pais sempre ouviram muita música africana, nomeadamente angolana, o semba, e outras músicas mais antigas, que sempre fizeram parte do meu universo musical, e, mais tarde, a kizomba, e por isso estas sonoridades estão presentes neste disco. Eu não fiz sembas nem kizombas"..Sobre o disco, a intérprete afirmou que "não é uma nova Ana Moura, como já [ouviu] dizer", mas realçou esperar "que as pessoas que têm acompanhado estejam disponíveis a [acompanhá-la] nesta descoberta" de si própria..Neste projeto, a fadista é acompanhada, entre outros, pelos músicos Ângelo Freire, Pedro Soares, André Moreira, Pedro Da Linha e Conan Osíris, Pedro da Linha, João Ferreira e Mário Costa, Paulo Flores, Betinho Feijó e Kiari Flores, Luís Estudante..Em janeiro do próximo ano Ana Moura vai levar "Casa Guilhermina" a Berlim, no dia 18, dois dias depois a Amesterdão, no dia 26 a Londres e no dia seguinte a Paris.