Ana Gomes: "É falso que Portugal tenha feito qualquer pedido para receber yazidis"

Eurodeputada nega discriminação e garante que trabalhou apenas para tentar resolver problemas de uma comunidade vulnerável
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A eurodeputada Ana Gomes disse hoje que é falso que Portugal tenha feito um pedido específico para receber refugiados da comunidade yazidi e classificou como absurdo o argumento das autoridades gregas de que há discriminação.

"É falso que Portugal tenha feito qualquer pedido para receber yazidis. Portugal disponibilizou-se para receber yazidis, tal como se disponibilizou para receber qualquer outro refugiado de qualquer tipo de etnia e religião, em qualquer formato de família", afirmou Ana Gomes, em declarações à agência Lusa.

A eurodeputada falava na sequência de uma informação divulgada pela agência Associated Press de que as autoridades gregas teriam rejeitado o pedido de Portugal para acolher refugiados da comunidade yazidi.

"A prova de que não há discriminação está aí: Portugal já tem mais de 700 refugiados de todas as cores e feitios", afirmou.

Ana Gomes esclareceu que a posição grega resulta não de qualquer pedido do Governo português, mas de um pedido que ela própria e um colega austríaco fizeram para que as autoridades gregas resolvessem o problema desta comunidade, "particularmente vulnerabilizada por ter sido alvo de um autêntico genocídio".

"Começámos a falar no assunto e eu meti isso na bagagem do primeiro-ministro quando ele foi à Grécia em abril, mas isto não quer dizer que Portugal queira especificamente yazidis", esclareceu.

Entretanto, explicou, depois de o ministro grego ter escrito uma carta usando o argumento da discriminação, mas dizendo que se o Parlamento Europeu, através da comissão respetiva, tivesse outra posição que comunicasse à Grécia, foi enviada uma outra missiva assinada pelo presidente da Comissão das Comunidades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos a dizer que esta "não era uma iniciativa do Governo português".

"Explicámos que não era uma iniciativa do Governo português, que era nossa [dos elementos da Comissão das Comunidades Cívicas] e que não havia qualquer discriminação porque os elementos desta comunidade integravam as categorias de pessoas com necessidades especiais que estão previstas na diretiva: menores, menores não acompanhados, menores só com um dos pais, mulheres sozinhas, deficientes e pessoas vítimas de tortura e violação", explicou.

Para Ana Gomes, a prioridade aos yazidis - tendo em conta as características da comunidade e as condições em que está alojada - "até devia ser dada pelas autoridades gregas".

"Se tem havido alguma discriminação é das autoridades gregas e é negativa. Quando fui aos campos de refugiados em novembro constatei que dessas 1.700 pessoas, 600 já tinham processos completos para serem submetidos a outros países e nem uma tinha saído dos campos. Em vez de serem postos na fila para serem colocados noutros países, nem um tinha saído da Grécia", afirmou.

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