Americanos 'dão música' a regime norte-coreano

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Guitarrista Eric Clapton já foi convidado e actua em 2009 em Pyongyang

Uma longa salva de palmas de 2000 elementos da elite norte-coreana e uma chuva de flores saudou ontem a actuação da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, sob a direcção de Lorin Maazel, numa sala de Pyon-gyang, capital da Coreia do Norte.

A Orquestra, composta por cerca de cem elementos, iniciou a actuação com o hino norte-coreano, Canção Patriótica, seguindo-se o americano, The Star-Splanged Banner, ouvidos de pé por uma plateia onde predominavam os responsáveis políticos e militares do regime dirigido por Kim Jong-il, que não compareceu.

Ainda ontem, foi confirmada a deslocação a Londres, no Verão, da Orquestra Estatal da Coreia do Norte. E de Londres veio a notícia que Eric Clapton será, em 2009, o primeiro artista de música popular ocidental a actuar em Pyongyang.

Num palco onde eram visíveis, em cada um dos cantos, as bandeiras do país anfitrião e do convidado, a Filarmónica interpretou ao longo de hora e meia trechos do Lohengrin, de Wagner, a Sinfonia 'do Novo Mundo' de Dvorák, Um Americano em Paris, de Gershwin, terminando com Arirang, peça do folclore coreano.

Ao apresentar a peça de Gersh- win, Maazel afirmou que gostaria um dia de ver um compositor escrever Um Americano em Pyongyang. A frase de Maazel despertou apenas polidos sorrisos e palmas comedidas. Reacção que demonstra haver ainda um longo caminho nas relações entre EUA e Coreia do Norte, dois estados tecnicamente em guerra por não ter sido assinado um tratado de paz após o conflito de 1950-1953.

Esta foi a primeira vez que uma orquestra americana actuou na Coreia do Norte, sendo ainda a maior delegação dos EUA alguma vez a visitar o país. Em 1959, dirigida por Leonard Bernstein, a Filarmónica foi das primeiras orquestras americanas a tocar na ex-União Soviética, após a Sinfónica de Boston, em 1956.

A Filarmónica de Nova Iorque foi também a primeira orquestra a actuar na República Popular da China, em 1973, na sequência da visita de Richard Nixon. Talvez por isso, Maazel declarou ontem que, "a longo prazo, espero que este momento seja visto como uma viragem, um momento de história". Com agências

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