Muito se tem falado sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a chamada "bazuca de dinheiro que a União Europeia se prepara para disponibilizar aos Estados-membros..Se a palavra recuperação me parece óbvia, face ao caos económico que irá resultar desta crise sanitária, já o termo resiliência depende do entendimento que se tenha. Se for aquela propriedade física dos corpos que significa voltarem à sua forma original depois de terem sofrido deformação ou choque, estaremos no mau caminho. Se o entendimento for no sentido de superação anímica dos problemas ou infortúnios, então estaremos no bom caminho..Ora, a Europa, e em especial Portugal, não pode pensar que tudo vai voltar a ser igual..As duas maiores economias mundiais - EUA e China - estão em confronto, e a Europa - a outra grande economia mundial - não pode de forma alguma estar fora desse combate nem duvidar de que lado deve estar. Numa sociedade aberta, a economia de mercado é a pedra angular e os ideais de liberdade condição sine qua non..O "capitalismo estatal" chinês, numa disputa com as sociedades abertas ocidentais, faz da China um adversário praticamente invencível..Há dias, em conversa com um empresário, ele dava-me nota da grande preocupação com o aumento de preço de determinadas matérias-primas necessárias à sua atividade. Explicava-me ele que a China estava a comprar massivamente essas matérias-primas na Europa, fazendo subir os preços deliberadamente, liquidando a concorrência..Já tinha acontecido assim com o preço do ferro, que levou à falência de algumas indústrias ocidentais..A pandemia evidenciou as fragilidades europeias na produção industrial e a dependência asfixiante da China..Só um arrojado programa de reindustrialização, inovador e sustentável, pode manter a Europa forte economicamente e liderante nos conceitos de liberdade e humanismo. Não basta ser resiliente. Temos de ser inovadores, criativos e ambiciosos! Temos de abandonar o socialismo empobrecedor e voltar ao incentivo do mérito..Não podemos continuar neste caminho de subserviência e dependência do Estado. Temos que trilhar um novo caminho de cidadãos livres e ambiciosos, onde o espaço de liberdade individual se articula com a responsabilidade coletiva e so cial..O PRR português insiste numa filosofia de ainda mais Estado, mais despesa pública e, consequentemente, mais impostos. Não é o melhor caminho..Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira