Amber Heard afirma que Johnny Depp a agrediu por ciúmes de James Franco
A atriz Amber Heard disse esta quinta-feira, em julgamento, que o seu ex-marido, Johnny Depp, a agrediu num avião após acusá-la de ter um caso com o ator James Franco.
"Senti-me envergonhada", disse Heard ao júri que acompanha o caso do processo multimilionário que Depp abriu contra ela por difamação. "Era a primeira vez que passava por algo assim", acrescentou, emocionada.
A atriz de 36 anos relatou vários casos de supostos abusos físicos por parte do protagonista de Piratas das Caraíbas, no segundo dia que passou no banco das testemunhas no julgamento em curso no condado de Fairfax, no estado norte-americano de Virgínia.
Depp, de 58 anos, processou Heard por um artigo de opinião publicado no Washington Post em dezembro de 2018, no qual a atriz se descreveu como uma "figura pública que representa o abuso doméstico".
Heard, que foi protagonista no filme Aquaman, não mencionou Depp no artigo, mas o ator processou-a por insinuar que era um abusador e agora pede 50 milhões de dólares (47 milhões de euros) em perdas e danos.
A atriz apresentou um processo em resposta, pedindo 100 milhões de dólares (94 milhões de euros) e alegando que sofreu "violência física e abuso desenfreados".
"Ele estava furioso comigo por ter aceitado o trabalho com James Franco", contou Heard, ao relatar o incidente no avião, ocorrido em maio de 2014. "Odiava, odiava James Franco e o Johnny acusava-me de ter um caso em segredo com ele no passado, desde que fizemos Segurando as Pontas (Pineapple Express) juntos", acrescentou, referindo-se ao filme de 2008 no qual trabalhou com Franco. "Ele chamou-me de puta", afirmou a atriz.
Heard disse que Depp, que havia bebido, deu-lhe uma chapada na cara e pontapeou-a nas costas enquanto ela trocava de assento. Os membros da equipa de segurança de Depp e as suas assistentes estavam no avião no momento dessa interação, contou a atriz. "Eu caí no chão", lembrou. "Ninguém disse nada, ninguém fez nada. Era como se pudesse ouvir um alfinete cair naquele avião, e eu lembro-me de me sentir muito envergonhada", acrescentou.
Depp e Heard conheceram-se em 2009 nas filmagens de Diário de um Jornalista Bêbado (The Rum Diary) e casaram-se em fevereiro de 2015. O divórcio foi finalizado dois anos depois.
Durante os quatro dias que passou a prestar depoimento, Depp negou as agressões físicas e garantiu que a ex-mulher era a pessoa violenta da relação.
Heard também testemunhou sobre outras ocasiões em que Depp supostamente a agrediu, incluindo uma em que "suspeitava" que tinha partido o nariz.
A atriz deu detalhes sobre o uso contínuo de drogas e álcool por parte do ator e dos seus esforços recorrentes para ficar sóbrio durante o relacionamento, contando que um segurança uma vez teve que carregar Depp inconsciente nos seus braços "como um bebé" até a uma casa alugada em Londres.
"Lembro-me de pensar que tinha que ser assim. Fiquei animada ao sentir que estávamos num novo capítulo, que o Johnny finalmente tinha atingido o fundo do poço", disse, mas, apesar de "um milhão de promessas de ficar limpo e sóbrio", da terapia de casal e dos esforços de reabilitação, Depp voltava sempre a beber e a consumir droga, garantiu.
Na quarta-feira, a atriz disse que o ex-marido era obsessivamente ciumento, dava socos nas paredes e batia-lhe quando estava bêbado.
"Era o amor da minha vida", declarou Heard. "Mas também era essa outra coisa. E essa outra coisa era horrível."
A atriz disse que Depp a agrediu pela primeira vez depois de ela se ter rido de uma das tatuagens do ator. "Deu-me uma chapada sem motivo."
Os advogados de Depp levaram especialistas que testemunharam que o ator perdeu milhões de dólares devido às alegações de abuso, incluindo 22,5 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de euros) pelo sexto filme de Piratas das Caraíbas.