Amanda Knox e ex-namorado clamam inocência

A norte-americana Amanda Knox e o ex-namorado Raffaele Sollecito clamaram hoje inocência no último dia do julgamento de recurso em Perugia (centro de Itália) do assassínio em 2007 da britânica Meredith Kercher.
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"Pago por um crime que não cometi", declarou Knox em lágrimas durante a última declaração antes de o júri se reunir para deliberar.

Amanda Knox afirmou que as acusações do ministério Público eram "completamente injustas e sem fundamento", referindo-se ao retrato feito pelo procurador, que a descreveu como tendo "dupla personalidade" por vezes com "cara de anjo" e outras "demoníaca" e com "comportamentos extremos".

"Eu quero regressar a casa" em Seattle (noroeste), afirmou Knox entre soluços.

Segundo o julgamento de primeira instância, Amanda Knox e o namorado na altura, o italiano Raffaele Sollecito, deram o golpe fatal que matou Kercher, enquanto Rudi Guede, um costa-marfinense que cumpre 16 anos de prisão num outro processo separado, lhe segurava os braços porque a britânica se recusava participar em jogos sexuais. Todos estavam sob o efeito de drogas e álcool.

"Na minha vida nunca fiz mal a ninguém", afirmou Raffaele Sollecito, de 27 anos, insistindo nos quatro anos que já passou na prisão. "Cada dia é como morrer", adiantou.

Os oito membros do júri - dois magistrados e seis jurados populares incluindo cinco mulheres - do Tribunal de recurso vão deliberar em "câmara de conselho" e só sairão quando tiverem chegado a um acordo.

O presidente, que faz parte do júri, indicou que a sentença não será pronunciada antes das 20:00 locais (19:00 em Lisboa) e já pediu "respeito e silêncio" no momento em for pronunciado o veredicto.

"Recordemos que uma jovem morreu e que a vida de outros dois jovens está em jogo", afirmou. "Não é um jogo de futebol com apoiantes de duas equipas adversárias", precisou.

Se o primeiro julgamento for anulado, a família de Knox afirmou que a levará imediatamente para os Estados Unidos mesmo depois do ministério Público ter anunciado que recorreria da sentença.

"A espera é verdadeiramente dura, estamos todos muito tensos mas confiantes porque a defesa mostrou claramente que Amanda está inocente", declarou Edda Mellas, mãe da jovem, apoiada por vários familiares e cerca de 30 apoiantes.

A família da vítima, Meredith Kercher, é esperada durante o dia no tribunal, que foi assaltado antes da madrugada por 400 jornalistas, fotógrafos e operadores de camara de televisões estrangeiras, maioritariamente anglo-saxónicas.

Amanda Knox e Raffaelle Sollecito tinham sido condenados em primeira instância a 26 anos e 25 anos de prisão.

Na semana passada, o ministério Público pediu a prisão perpétua para os dois jovens, alegando que Knox e Sollecito tinham morto Kercher "por nada" na noite de 01 de novembro de 2007.

Knox e Sollecito afirmam-se inocentes e alegam que passaram a noite do assassínio juntos no domicílio do jovem.

Kercher, estudante de Leeds de 21 anos, foi encontrada seminua numa poça de sangue, com o corpo atingido por 43 golpes. A autópsia demonstrou que também foi violada.

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