Altitude pode ter contribuído para a queda de Faria
"Uma das coisas que pensei é que não fiz nenhum treino em altitude devido à lesão que tinha [num pulso, na sequência de uma queda no Rali dos Sertões] e na zona onde caí estava a 4.200 metros de altitude. Também pode ter sido uma das razões. Caí a primeira vez, bati com a cabeça, quando caí a segunda vez é possível que tenha sofrido um pouco com a altitude, porque tinha a pulsação muito baixa e a tensão baixa. Pode ter tido a ver com isso", disse hoje Rúben Faria, na chegada a Lisboa.
Rúben Faria sofreu um acidente na terça-feira, durante a terceira etapa da mítica competição de todo-o-terreno e foi transportado de helicóptero para o hospital do acampamento da competição.
"Não é um caso raro: caí. O mais raro é que aparentemente não dei uma grande queda, mas perdi os sentidos. Caí uma primeira vez e depois uma segunda vez e não me lembro de mais nada. Vi ontem imagens, do Paulo Gonçalves parado ao pé de mim -- desde já lhe agradeço por ter esperado por mim até vir o helicóptero. Não estou muito contente, mas as corridas são assim", afirmou.
O piloto diz que nem poderá colher experiência acumulada do acidente, por não se recordar das circunstâncias da queda.
"O problema é que eu não sei o que me aconteceu, para tirar ilações da queda. Não faço ideia. Agora quero é esquecer e encarar a prova do próximo ano", disse Rúben Faria, acrescentando que vai querer reforçar a preparação física, afetada este ano pela lesão sofrida no verão passado no Rali dos Sertões (Brasil).
O "motard" de Olhão reitera que esta edição do Dakar é mais dura, tal como os organizadores da prova tinham previsto, mas recusa que a organização tenha dificultado excessivamente as etapas da primeira semana.
"Não sei qual foi a intenção da organização da prova em fazer o Dakar desta maneira, mas o objetivo era ser bastante duro. O Dakar é difícil e não podemos encarar a prova de outra maneira, mas de facto eles este ano forçaram um bocadinho", disse o piloto.
Segundo Rúben Faria, o acidente de terça-feira não terá provocado lesões, mas vai fazer exames complementares porque poderá ter agravado lesões antigas provocadas por outras quedas.
"Uma TAC à coluna mostra que a L1 está um pouco espalmada. Mas eu também fraturei a L1 e a L2 no Dubai, em 2008, e eles não sabem precisar se está mais espalmada ou se ainda é dessa altura. Vou fazer agora exames para ver", explicou.
O abandono do "motard" natural de Olhão, de 39 anos, segue-se à desclassificação da prova de Carlos Sousa e de Francisco Pita, nos carros.
O mais importante rali todo-o-terreno do Mundo, o Dakar, termina a 18 de janeiro na cidade chilena de Valparaiso.