A subida de Alexandre Fonseca à liderança executiva da Altice Europe, a casa-mãe de todas as operações Altice (exceto a dos Estados Unidos) e a transição de Ana Figueiredo da liderança na República Dominicana para CEO da Altice Portugal, apanhou tudo e todos de surpresa, mas foi mesmo isso que foi comunicado ontem pelo grupo que detém a Meo..O português passa a co-CEO da Altice Europe, para coordenar todas as operações do grupo, integrando um novo comité executivo internacional que conta também com Malo Corbin (atual administrador financeiro da Altice Europe que passa a co-CEO responsável pelas finanças, fusões e aquisições) e com David Drahi (filho do fundador Patrick Drahi e membro do conselho de administração do grupo Altice Portugal que passa a co-CEO responsável pelo desenvolvimento e tecnologia)..A ideia da nova estrutura internacional, explicou o Co-CEO português da Altice Europe, passa pela necessidade de identificar novas formas de crescimento, numa altura que o grupo de telecomunicações presta serviços cada vez mais diversificados, além das telecomunicações. "A primeira ambição do grupo Altice é continuar a crescer, explicou Alexandre Fonseca notando que isso já "não é possível" a cada operação, em cada região, "apenas de forma orgânica"..As novas funções do gestor passarão, por isso, por explorar sinergias entre as diferentes operações do grupo, espalhadas por todo o mundo. Com operações em França, Israel, República Dominicana, Reino Unido (via British Telecom), Alemanha (via Geodesia), além de prestar serviços em diferentes áreas, em mais de 60 países, somando "quase 100 milhões de clientes, mais de 100 mil funcionários e cerca de 60 mil milhões de dólares de receita", o grupo Altice poderá procurar crescer através de cada vez mais diversificação de serviços. E, assim, responder à "ambição de alargamento" da atividade "no mundo"..A "lista" Acresce que a nova estrutura não será apenas uma forma de responder a uma ambição interna, mas também representará um novo posicionamento face a uma tendência de consolidação que vai ganhando forma por toda a Europa, no setor das telecomunicações. O que exige à Altice uma nova forma de atuar. Essa é uma "evidência" que Alexandre Fonseca assinalou na sexta-feira, referindo que a Altice não deixará de analisar eventuais oportunidades "que criem valor"..O gestor português chegou mesmo a mencionar haver uma "lista" de operações a que o grupo estará atento, mas não concretizou..Questionado, reformulou a ideia: "Tenho uma lista de coisas que são muito importantes a fazer e que passam por quatro pontos, incluindo criar uma estrutura que garanta sinergias, trabalhar na qualidade do serviço ao cliente, no crescimento de receitas e maiores eficiências. O resto são decisões do acionista, e é o acionista que decide participar, ou não, no quê e em que moldes"..Alexandre Fonseca adiantou que o papel da nova estrutura é "executivo" e a ela caberá "entregar resultados em linha com o plano de negócios" dos acionistas, sabendo que se "todas as operações" gerarem mais riqueza os acionistas terão "mais opções"..Consolidar sem "linhas vermelhas" Que opções? De consolidar, depreende-se (leia-se comprar). "A consolidação será um tema a ser falado nos próximos anos e a Altice nunca se posicionou, mas esse tema será claramente relevante", garantiu. "Vimos os CEOs do setor a falar de consolidação, a nível internacional. Não podemos esquecer que quando olhamos para o outro lado do Atlântico o mercado norte-americano tem um número de operadores que cabe numa mão, enquanto na Europa são dezenas", complementou, mas nunca concretizou que planos terá..Nessa altura, a nova presidente executiva para Portugal, Ana Figueiredo, interveio: "Há coisas que não se anunciam, executam-se e depois comunicam-se"..O argumento abriu caminho para o gestor afirmar que Portugal é "um mau exemplo". "Não faz sentido existirem seis operadores"..Tendo em conta a estratégia e o cenário do setor em Portugal, terá a Altice de vender para apostar noutras operações? Aí, o gestor admitiu que "não existem linhas vermelhas", com as decisões a tomarem-se com base em "objetivos, resultados e contexto económico"..No entanto, sublinhou: "Os nossos acionistas já o clarificaram, a operação portuguesa nunca esteve à venda. Portugal é uma operação chave no âmbito do grupo Altice a nível internacional", afirmou, sinalizando que a operação lusa "tem a confiança dos seus fundadores e dos seus acionistas". Por isso, disse que a venda é "um não tema"..Lisboa, um polo de gestão internacional."Prova mais que provada disso mesmo é o facto de terem nomeado uma nova CEO da Altice Portugal, de terem nomeado um novo co-CEO para o grupo que é português e de terem mantido também a confiança de ter um chairman também português na Altice Portugal"..Alexandre Fonseca acumula o novo cargo com a presidência do conselho de administração do grupo Altice Portugal. E, nesse sentido, garantiu que vai trabalhar para a estrutura internacional da Altice a partir de Portugal.."As funções que vou desempenhar a nível internacional serão feitas a partir de Portugal, Lisboa, se quisermos, será também um dos polos de gestão do grupo Altice a nível internacional", garantiu..O gestor assume as novas funções a 2 de abril. No mesmo dia, Ana Figueiredo ocupa o cargo de CEO da Altice Portugal.