Alterações climáticas. Conferência polémica arrancou sem incidentes

Organização de conferência que quer "(des)construir algumas ideias sobre alterações climáticas" diz que convidou para o evento pessoas que não partilham das ideias dos oradores sobre as alterações climáticas.
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Arrancou sem incidentes a conferência polémica sobre as alterações climáticas que junta vários especialistas que negam o fenómenos e a influência humana.

A presidente do comité da organização, a geógrafa Maria Assunção Araújo não se mostrou surpreendida e disse que também enviou "o convite [para estarem presentes] a todas as pessoas que não partilham" da sua opinião sobre as alterações climáticas.

Opinião essa que se prende com o facto de não acreditar ser "o CO2 a causa das alterações climáticas". "Convidei toda a gente, inclusive uma colega do meu departamento que disse logo que não vinha. Não posso obrigar ninguém a marcar presença, mas quero deixar claro que a conferência foi aberta a todos, independentemente de se terem ou não inscrito para o evento", explicou.

A mesma responsável negou tratar-se de um encontro de negacionistas: "Negacionistas? Uma conferência que se chama Basic Science of Climate Change , ou seja, dizemos que existem, de facto, alterações climáticas. Não somos negacionistas. Isso é um labéu que se tenta atirar às pessoas que é completamente falso e injusto."

Os especialistas que se encontram reunidos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), esta sexta-feira e sábado, acreditam que "a ação humana não é a principal causadora das alterações climáticas". "O CO2 não é um gás poluente. É um gás que é a fonte da vida na terra, para as plantas e animais. As variações climáticas que tivemos, desde o início da história da terra, têm muito pouco a ver com o CO2", sublinhou Maria Assunção Araújo.

A conferência é organizada pelo Independent Committee on Geoethics que diz ter como objetivo expresso "(des)construir algumas ideias sobre alterações climáticas).

Quanto às acusações feitas sobre interesses económicos que estariam, alegadamente, na origem desta tese, a presidente do comité da organização foi perentória ao negar a sua existência. "Dir-se-á sempre isso e eu também posso dizer que as pessoas que nos apelidam de negacionistas também estão a soldo de outros interesses, que podem ser económicos e até políticos. Haverá sempre pessoas com outros interesses", concluiu.

Apesar de não se ter assistido a uma contestação ao evento no arranque das conferências, alguns alunos dirigiram-se à FLUP, na esperança de se juntarem a manifestantes. Foi o caso de Pedro Costa e Miguel Esteves, alunos da Universidade de Aveiro. Os estudantes pensavam que iriam juntar-se "à confusão". "Somos alunos de ciências e pensamos que íamos encontrar muitas pessoas a tentar impedir esta conferência sem sentido. Não percebemos como pode estar tudo tão calado", afirmaram.

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