Almodóvar, Wes Anderson e os amigos habituais
Um festival sem medo de chamar os mesmos amigos. A edição número 15 do LEFFEST volta a convidar Emir Kusturica que será jurado, terá um filme numa das mostras e fará um concerto com a sua Non Smoking Orchestra; Coetze, o prémio Nobel da Literatura que regressa como jurado ou o cineasta e ator Matthieu Amalric, presente para apresentar Serre-Moi Fort. Como sempre, um festival de afetos e com vontade de tocar em outras artes, do teatro à música, passando por uma manifestação que celebra a cultura rom.
Conforme Inês Branco Lopez, filha do diretor do festival, Paulo Branco, salientou na conferência de lançamento, é uma análise e celebração da vitalidade cultural em resposta a discursos xenófobos e anticultura rom em toda a Europa. Será sem dúvida o centro do festival e inclui debates, filmes, concertos e a presença de Tony Gatliff, cineasta que apresentará Tom Medina, filme presente na seleção oficial de Cannes deste ano.
Aliás, Cannes 2021 será a força motriz na seleção oficial não competitiva em Lisboa e Sintra, com destaque para The French Dispatch, de Wes Anderson (filme de abertura e com possível presença de alguns dos seus atores), Benedetta, de Paul Verhoeven, Compartment 6, de Juho Kuosmanen, The Worst Person in the World, de Joachim Trier, ou Tous s"Est Bien Passé, de François Ozon, um verdadeiro best-of daquilo que de maior impacto surgiu na Croisette. De salientar que Titane, de Julia Ducournau, escapa a esta colheita pois a estreia da Palma de Ouro está prevista já para o próximo mês.
O LEFFEST investe também no Festival de Veneza, onde estão também confirmados Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar, e The Card Counter, o novo Paul Schrader, precisamente os mais esperados do festival italiano. Sabe-se que esta seleção até novembro terá ainda mais antestreias de peso, estando ainda por confirmar The Power of the Dog, de Jane Campion, filme do catálogo da Netflix... Da seleção competitiva há títulos de peso, com destaque para um dos casos fortes de Cannes, Red Rocket, de Sean Baker. O júri que também inclui a cineasta Maria Speth e Dolores Chaplin, atriz e neta de Charlie Chaplin, tem também para julgar filmes de nomeada como A Chiara, de Jonas Carpignano, Ouistreham, de Emmanuel Carrère, com Juliette Binoche, e o vencedor do Un Certain Regard, em Cannes, Unclenching the Fists, de Kira Kovalenko.
O cinema português aparece na secção fora de competição com a trilogia Pathos/Ethos/Logos, 641 minutos de ficção por Joaquim Pinto e Nuno Leonel.
Uma viagem temporal que nos leva até ao futuro em 2037. Foi um dos acontecimentos no último Festival de Locarno. Toda a atenção também para um foco em relação a Rodrigo Areias, cineasta vimaranense que continua a filmar a um ritmo galopante. Está prevista uma sessão sobre trabalhos seus ainda em work in progress". Trata-se de um reconhecimento justo a um nome do cinema português fora de lóbis e com um notável trabalho como produtor (foi o responsável, entre outros, por Listen, de Ana Rocha de Sousa).
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