Algas marítimas estudadas para fins medicinais

Investigadores do Instituto Politécnico de Leiria estão a recolher algas na costa de Peniche e a estudar o seu aproveitamento na medicina, no âmbito de um estudo europeu inovador cujos resultados estão a surpreender os cientistas.
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Iniciado em 2011, o projeto considerado inovador, que envolve várias universidades e parceiros tecnológicos europeus, começa a ter resultados surpreendentes para os cientistas.

"Já identificámos centenas de bactérias marinhas diferentes, de diferentes macroalgas, e algumas delas já revelaram ter um potencial muito interessante", afirma à agência Lusa Rui Pedrosa, coordenador do projeto.

Os compostos extraídos de diferentes macroalgas e respetivas bactérias aí alojadas permitem aos investigadores começar a apontar diferentes usos, numa lógica de sustentabilidade dos recursos marinhos, muitos dos quais não tinham qualquer aproveitamento até agora.

Os investigadores estão a testar "moléculas para algumas terapêuticas específicas de doenças neuro degenerativa. De igual modo, como têm capacidade anti tumoral, têm potencial para serem usadas na quimioterapia".

Há também compostos destas algas que "têm uma capacidade antibacteriana, o que quer dizer que têm potencial para o desenvolvimento de novos antibióticos, e alguns têm interesse para o desenvolvimento de antifúngicos".

Os cientistas já constataram que bactérias existentes nessas algas, quando sujeitas a um processo de crescimento em laboratório, "produzem grandes quantidades da enzima Q10", muito usada no fabrico de cremes de beleza.

O projeto termina em meados de 2014 e, face aos resultados já alcançados, começa a tornar-se muito promissor, sobretudos para jovens investigadores.

André Horta e Joana Silva, estudantes de mestrado de biotecnologia na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche e investigadores do projeto, dividem o trabalho entre a recolha de algas na praia e as experiências em laboratório.

"Somos o país europeu com a maior zona económica marítima, por isso temos muitos recursos para estudar e a panóplia de estudos é tal que nos abre muitas portas em termos de futuro", refere André Horta, de 23 anos.

A investigação envolve um investimento de três milhões de euros, financiado em parte com fundos comunitários.

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