O ano de 2021 continua a ser atípico para o turismo em Portugal. O verão ainda não chegou a meio e é, por isso, cedo para balanços. Ainda assim, é possível perceber que as zonas balneares e de natureza continuam a ser procuradas, como é o caso do Algarve e da Madeira, em detrimento das grandes cidades. E nas próximas semanas assim devem continuar..O Savoy, grupo hoteleiro presente na Madeira com várias unidades, nota ao DN/Dinheiro Vivo que "além dos mercados tradicionais, como o Reino Unido e França, temos tido, por exemplo, muita procura da Roménia e Ucrânia. A crescente afluência do mercado interno também é notória. Os portugueses, por sua vez, estão a optar por descobrir ou revisitar a Madeira"..Ainda não há números relativos a julho, mas a Direção Regional de Estatísticas da Madeira (DREM)já revelou que em junho o número de dormidas geradas pelo mercado nacional na região autónoma superou os valores pré-pandemia. "Face a junho de 2019, a variação nas dormidas produzidas por residentes em Portugal foi de mais 21,1%, enquanto no caso dos residentes no estrangeiro fixou-se em menos 65,5%. Os hóspedes entrados com residência no país terão sido 35,6 mil, valor muito próximo dos residentes no estrangeiro, que foram 35,9 mil", indicou este organismo, citado pela Lusa..O Savoy adianta ainda que neste momento conta com uma taxa de ocupação na ordem dos 90% em todas as unidades abertas ao público. "O mês de julho está a ser muito bom e prevemos que o mês de agosto seja ainda melhor. A Madeira mantém-se como destino seguro, com baixa incidência de casos de covid-19, com a vacinação a decorrer de forma muito positiva e com várias medidas de segurança e prevenção que são garantia de confiança", considera esta unidade hoteleira..Os portugueses também estão a rumar ao Algarve. Não é fora do comum que os residentes rumem a sul nas férias de verão, mas com um decréscimo de estrangeiros, o mercado nacional assume maior importância para o turismo da região algarvia, que contou em junho e julho com menos visitantes do que aqueles que esperava neste segundo verão depois de a pandemia de covid-19 ter chegado a Portugal..Jorge Beldade, diretor regional de Operações - Resorts da Minor Hotels (que tem marcas como o Tivoli) no Algarve, salienta que, na região "tradicionalmente os meses de julho e agosto são muito fortes", mas neste ano "as ocupações estão bastante abaixo da nossa expectativa inicial". E explica: "as várias restrições de circulação ao longo do mês de julho e a ausência do mercado inglês tiveram um forte impacto e o mês vai fechar com uma média de 35% de ocupação, quando a expectativa era de chegar aos 85%. Para o mês de agosto estamos com cerca de 60% de ocupação, ainda esperamos chegar até aos 85%, mesmo assim abaixo da previsão inicial que seria de ir aos 95%"..A Região de Turismo do Algarve (RTA) já tinha indicado que até meados de julho a atividade turística foi reduzida para os níveis pré-pandemia, nomeadamente devido às restrições. Há, dizia na semana passada João Fernandes, pre- sidente da RTA a "expectativa que agosto, sobretudo a segunda metade, e setembro sejam meses com outra realidade, seja pela evolução da pandemia, seja pelo processo de vaci- nação. Reportando-nos ao ano passado, muitas pessoas optam por vir nesse período", confessa, acrescentando que "há bons sinais de reservas para setembro e em diante - muitas reservas para golfe"..Os dados mais recentes do INE, números preliminares relativos a junho, indicam que as unidades de alojamento turístico no Algarve contaram com pouco mais de 310 mil hóspedes e cerca de 1,1 milhões de dormidas, das quais mais de 609 mil foram de residentes..Uma queda para quase metade. Em junho de 2019, e de acordo dados do gabinete de estatística, o Algarve tinha contado com quase 600 mil hóspedes e 2,4 milhões de dormidas, das quais mais de 624 mil foram realizadas por residentes..Ana Laranjeiro é jornalista do Dinheiro Vivo