Alex Honnold. Um nómada devotado à escalada sem cordas
Quando se escreve o nome de Alex Honnold no Google, a primeira sugestão de pesquisa que aparece é Alex Honnold dies. Calma: as notícias da sua morte são manifestamente exageradas. No entanto, o temor é justificado. Aos 29 anos, o alpinista norte-americano é um dos maiores fenómenos mundiais da escalada em rocha, no modo solitário livre: sem corda ou qualquer outro equipamento de segurança, desafia as mais temidas montanhas do mundo.
Alex deixa boquiaberto quem vê os vídeos das suas façanhas - a escalar paredes de granito, sem proteções ou cordas, apenas com sapatilhas de escalada e pó de giz (para facilitar a aderência das mãos). Em janeiro foi o primeiro a escalar, nesses termos, Sendero Luminoso, míticos 500 metros de rocha no parque de Potrero Chico (México). Galgou em três horas o que duplas de alpinistas, com proteção, habitualmente fazem em dois dias.
Na verdade, desde criança que o californiano impressionava quem o via escalar tudo o que lhe aparecia pela frente: mesas, cadeiras, árvores, muros ou edifícios escolares. Por isso, quando desistiu do curso de Engenharia Civil para se dedicar à escalada, a mãe, Dierdre, logo compreendeu que "era do que ele precisava".
Convertido em nómada devotado à escala, Alex Honnold vive há sete anos numa furgoneta convertida em autocaravana, em permanente viagem pela natureza, à procura do próximo desafio.
Do Vale de Yosemite à Columbia Britânica ou da Patagónia a Marrocos, já correu país e mundo para enfrentar as maiores aventuras, sob a forma de rochas de 400, 500 ou 600 metros de altura.
Aos poucos, o californiano tem imitado e superado os feitos de outras lendas da escalada livre. No ano passado, ao lado de David Allfrey, subiu o monólito de granito El Capitán, no parque do Vale de Yosemite (considerado o monte Evereste da escalada em rocha), por sete rotas diferente, em sete dias consecutivos.
Esse recorde rendeu-lhe a admiração de um dos antigos ídolos. "Os outros solitários livres estão sempre em conversação com a morte. Alex é mais do género "isso não interessa, eu não vou cair". É isso que o faz ser tão bom", disse Tommy Caldwell (o homem que em janeiro, junto com Kevin Jorgeson,
escalou El Capitán pela via mais difícil - a Down Wall - e sem ajudas).
Com tanta façanha, Alex ficou famoso: protagonizou anúncios publicitários e começou a ser assediado
para dar autógrafos nos seios de raparigas ("quer dizer, só aconteceu duas vezes", disse ao New York Times). Mas perdeu outros apoios, devido ao estilo arrojado. Nada que o trave: "Tenho um dom, a capacidade de me manter focado quando os outros se descontrolam. Com ou sem patrocínios, as montanhas chamam e eu vou continuar."