Alemanha rejeita proposta de Hollande para eurobonds

A Alemanha rejeitou hoje a proposta do novo Presidente francês, François Hollande, à margem da cimeira do G8, para a introdução de eurobonds na zona euro, considerando-a "a receita errada no momento errado".
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"No momento atual, não vejo motivos para mudarmos de rumo, a introdução de eurobonds seria a receita errada no momento errado, e teria efeitos secundários contraproducentes", disse o secretário de Estado das finanças alemão, Steffen Kampeter, à emissora pública de rádio Deutschlandfunk.

Na opinião de Kampeter, a base para uma política orçamental comum na Europa "é, em primeira linha, o Tratado Orçamental", e não a emissão de títulos conjuntos de dívida pública europeia, os chamados eurobonds.

Uma tal emissão permitiria aos países da moeda única com dificuldades de acesso aos mercados de capitais financiarem-se em condições mais favoráveis.

Em contrapartida, países como a Alemanha, que beneficiam de juros muito baixos para se financiar nos referidos mercados, teriam de pagar mais.

O Governo de Angela Merkel tem recusado sistematicamente a emissão de eurobonds, considerando-os uma forma de mutualizar as dívidas públicas na zona euro.

Berlim tem alertado também para o risco de uma tal medida poder contribuir para afrouxar os esforços de consolidação orçamental e de redução da dívida pública dos países da moeda única com elevados défices estruturais.

Após uma reunião do G8, em Camp David (EUA), o novo chefe de Estado francês, François Hollande, anunciou, no entanto, que irá fazer propostas para incrementar o crescimento económico na União Europeia no Conselho Europeu Extraordinário de quarta-feira, em Bruxelas, incluindo a emissão de eurobonds.

"Não estarei sozinho a fazer essas propostas", sublinhou Hollande.

Nas declarações à Deutschlandfunk, Kampeter advertiu também o Presidente francês contra uma eventual interligação entre a questão dos eurobonds e a escolha do novo presidente do eurogrupo.

Segundo o semanário Der Spiegel, Hollande coloca reticências à eleição para este cargo do atual ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, após a saída do atual titular, Jean-Claude Juncker.

"Uma tal interligação de temas bem diferentes lançaria uma luz menos boa sobre a necessidade de consolidação orçamental na Europa, e não traria vantagens políticas e económicas aos países que estão a implementá-la", disse Kampeter.

O responsável alemão esclareceu também que Berlim recusa também programas de apoio à conjuntura que signifiquem novo endividamento, ao contrário do novo Governo francês.

"O que é preciso é melhorar as condições para que haja crescimento através de reformas estruturais que não pesem nos orçamentos", referiu Kampeter.

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