Albânia proíbe casas de apostas em 2019 em luta contra o crime organizado
Segundo dados oficiais, os albaneses gastam entre 140 e 150 milhões de euros por ano em apostas desportivas. Mas, tendo em conta as apostas ilegais, este valor sobe para 700 milhões de euros, estima o governo.
Para o primeiro-ministro, Edi Rama, o objetivo da nova lei é impedir que o crime organizado obtenha lucros através desta indústria, que também utiliza para o branqueamento de capitais.
Contudo, "a guerra [contra o crime organizado] vai continuar porque os criminosos estão a alterar a sua estratégia", disse, recentemente, numa entrevista transmitida na televisão.
No país dos Balcãs, com 2,8 milhões de habitantes, há uma casa de apostas para cada 670 pessoas, uma percentagem "muito elevada" e muito superior à dos países vizinhas, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o economista Klodian Tomorri.
A lei aprovada em outubro pelo parlamento, proíbe também os jogos 'online' e impõe restrições aos casinos, alguns dos quais funcionam perto de escolas. Apenas os localizados em hotéis de cinco estrelas, em locais turísticos, e com licença, poderão continuar a operar.
Em declarações à AFP, Arta, de 31 anos, mãe de dois filhos, saúda a decisão, embora diga que chega "demasiado tarde" para salvar a família da tragédia. Em julho, o marido saltou de um prédio depois de perder uma aposta no jogo de futebol França-Bélgica.
Segundo um estudo da Universidade de Tirana, um em cada quatro jogadores já tentou suicidar-se pelo menos uma vez e 70% têm problemas psicológicos.
"Há uma estreita ligação entre o jogo e a violência doméstica, que conduz a crises muito graves em muitas famílias", disse à AFP Iris Luarasi, do Conselho Nacional de Assistência às Vítimas de Violência.
Por sua vez, a advogada Vjollca Pustina estima que 70% dos divórcios estão relacionados com problemas de jogo.
O governo anunciou que serão criados centros para ajudar os antigos jogadores, mas a sua abertura em 1 de janeiro parece incerta.
"O vício do jogo é uma doença que deve ser tratada logo que as agências de apostas fechem. De momento, não existem centros de reabilitação", disse à AFP a professora de ciências sociais Menada Petro, da Universidade de Durres.