"Ainda é o melhor guarda-redes na Liga quando está bem"

Carvalho, ex-guardião leonino e responsável pela ida de Rui Patrício para Alvalade, mostra-se feliz por ver o seu antigo pupilo chegar aos 400 jogos com a camisola dos leões
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Rui Patrício completa esta noite, diante do Rio Ave, quatro centenas de jogos com a camisola da equipa principal do Sporting, ficando a 75 do líder absoluto, o magriço Hilário da Conceição - a estreia foi a 19 de novembro de 2006, frente ao Marítimo, lançado por Paulo Bento.

Joaquim Carvalho, velha glória leonina e responsável pela ida do campeão europeu para Alvalade em tenra idade, proveniente do Leiria e Marrazes, diz-se "muito feliz com a marca" do titular da baliza leonina e salienta que, aos 29 anos, o seu antigo pupilo nas camadas jovens de Alvalade é o melhor na sua posição a jogar em Portugal, mas com uma ressalva. "Na Liga portuguesa ainda é o melhor quando está bem. Para mim é o melhor, mas admito que o Ederson está a sobressair bastante e está numa fase muito boa e até pode dar a ideia de que é, no momento, superior ao Rui, mas se fizermos uma linha a regularidade do Rui faz que ele seja o melhor. Ele nunca vai muito lá abaixo. O Casillas é o Casillas, mas tem muitos altos e baixos e o verdadeiro Casillas foi o do Real Madrid", salienta Carvalho, vencedor da Taça das Taças em 1964 pelo Sporting.

Carvalho reconhece que Rui Patrício já viveu um momento de forma mais exuberante. "Vejo que ele está a crescer de dia para dia. Ele está ainda a progredir bastante. Passou uma fase menos boa ultimamente, mas é muito importante para o Sporting e para o futebol português termos um guarda-redes que está entre os melhores da Europa. Só quero é vê-lo crescer ainda mais. Mas vou dizer-lhe uma coisa... quando puder tenho de lhe dizer que o gostava de ver sair mais da baliza. Vejo poucos guarda-redes neste país saírem da baliza. Eu quando o treinava dizia-lhe sempre que ele tinha de sair aos cruzamentos. E foi assim que ele cresceu...", diz.

O facto de não estar na sua plenitude preocupa, de alguma forma, Carvalho tendo em conta o desenvolvimento da carreira de Rui Patrício: "Ele tem condições para ainda ir muito mais longe e ele agora tem de ter mais atenção porque com o Europeu despertaram em definitivo para a qualidade do Rui. Ainda agora numa cerimónia recente estive com ele e disse-lhe para ele ter um bocadinho mais de atenção."

Para sempre em Alvalade?

Carvalho não esconde o que pensa. Por um lado gostava de ver o seu "menino" fazer toda a carreira no Sporting. Por outro... "Sabe, nesse assunto sou um bocadinho falso. Como sportinguista gostava que ele ficasse, mas penso que ele devia sair porque um jogador português é sempre visto com outros olhos estando no estrangeiro. Não é pela evolução, porque há jogadores portugueses que saem e depois não jogam, como acontece agora com o Renato Sanches no Bayern Munique. E só eu sei o quanto ficava feliz por o ver ser campeão no Sporting. Ele foi uma das minhas pérolas, foi um dos que eu trouxe de fora para o Sporting. Ele e o Beto, que sempre que joga responde muito bem", explica.

Apesar do carinho que nutre por Rui Patrício, Carvalho não vê o futebolista leonino chegar ao olimpo, que é como quem diz ao estatuto de melhor guarda-redes português de sempre: "Não, não, isso ele não vai conseguir, porque para mim há um que conta muito, que é o Carlos Gomes e depois temos ainda outros guarda-redes de enorme valor como o Azevedo, o Costa Pereira, o José Henrique e o Damas."

Terminamos como começámos, com a marca de Rui Patrício e uma possível ultrapassagem a Hilário de forma a ser estatisticamente o jogador com mais jogos com a principal camisola do Sporting. "É possível ultrapassar o Hilário, porque o Sporting olha para ele como um jogador a manter", conclui Carvalho, o homem que não tem histórias de Rui Patrício. "É sossegado demais, comigo nunca teve histórias porque ele faz tudo e não diz nada. Reparou nos festejos do Euro? Todos brincavam, o Rui não. É o feitio dele. Isso às vezes prejudica-o porque raramente dá um grito ou chateia o avançado quando é tocado. Às outras pessoas até pode dar a ideia de ser uma pessoa pouco feliz."

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