Ainda a crise dos visons na Dinamarca: animais vão ser desenterrados e incinerados

Milhões de carcaças em valas comuns estão a suscitar preocupações de contaminação dos solos e águas
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O governo dinamarquês anunciou, nesta sexta-feira (27), que está disposto a exumar e queimar os cadáveres de milhões de visons enterrados à pressa, após serem sacrificados como parte da luta contra a covid-19.

Milhões desses animais foram mortos porque poderiam ser a causa de uma mutação do novo coronavírus potencialmente problemática para humanos e, em seguida, foram enterrados, na sua maioria em valas comuns.

A primeira-ministra Mette Frederiksen anunciou o abate, no início de novembro, de cerca de 15 a 17 milhões de visons na nação escandinava, o maior exportador mundial de peles destes animais.

Quando o programa de gaseamento em massa já tinha começado, uma ordem judicial concluiu que a decisão do executivo não tinha base legal, levando à renúncia do ministro da Agricultura.

Agora, surgiram problemas com o enterramento dos animais mortos em valas comuns, entre receios de contaminação dos solos e águas em redor. Os especialistas temem que substâncias como o fósforo e nitrogénio possam ser libertados em grandes quantidades no solo ao redor de valas comuns devido ao processo de decomposição.

"Tive vontade de me livrar dos visons e queimá-los desde o primeiro dia", disse o novo ministro da Agricultura, Rasmus Prehn, à televisão pública TV2, adotando a postura da maioria dos partidos do Parlamento.

Os deputados temem que a decomposição das carcaças dos animais provoque contaminação e exigem que sejam desenterradas e destruídas de outras formas - como a incineração. Os gases emitidos na decomposição podem, por exemplo, contaminar a água potável e a água para banho, apontam.

Em Holstebro, no oeste do país, carcaças de visons de uma vala comum improvisada num terreno militar começaram a ressurgir à superfície, denunciando as condições dúbias em que os animais sacrificados foram enterrados, muitos deles em áreas que apresentam elevado risco de contaminação prejudicial para a população local - alguns foram enterrados a 200 metros de um lago, provocando receios de contaminação das águas.

O ministro da Agricultura alertou, no entanto, que qualquer decisão final sobre a incineração dos visons só poderá ser tomada com a aprovação da agência ambiental local.

O abate de milhões de visons foi ordenado com medo de que a mutação do coronavírus encontrado neste espécime animal tornasse as vacinas contra a doença menos eficazes. Na semana passada, o governo dinamarquês concluiu que a ameaça potencial às vacinas humanas estava "muito provavelmente extinta", na ausência de novos casos da versão mutada do vírus.

O caso ganhou pesados contornos de polémica no país escandinavo e, na quinta-feira, a primeira-ministra Mette Frederiksen não conseguiu evitar as lágrimas enquanto visitava um dos produtores de visons afetados.

"Não tenho problemas em me desculpar pelo curso dos acontecimentos, porque erros foram cometidos", disse Frederiksen à emissora TV2.
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