Ai se o Schäuble sabe, Passos Coelho!
Os bancos tinham ordens para identificar as transferências de dinheiro de Portugal para contas em paraísos fiscais e fornecer essas informações ao fisco. Isto aqui é uma coluna de letras e já que tenho de vos dizer que sobre o assunto há um sumiço de 10000000000 de euros, tanto algarismo, vou tentar poupar nos números. Digamos que aquele hábito - dados dos bancos ao fisco e, por parte deste, análise estatística dessas informações -, aquele hábito, dizia eu, é uma tradição nacional (vou exagerar um bocadinho) desde os visigodos a hoje, esta quarta-feira - arredondando, mil anos. Há, porém, informou ontem o jornal Público, um buraco nesse saudável hábito. Um buraco mínimo, um tempo curto, mas extraordinário por se reportar a anos de crise financeira - portanto, com governantes zelosos por mostrar boas contas. Mesmo muito extraordinário, porque o governo que coincidiu com essa falha, se teve cautelas públicas apregoadas, de dedo em riste, foi exatamente no capítulo da vigilância financeira. Podemos dizer ao povo para apertar o cinto porque lhe damos a garantia de tratar os nababos com rédea curta, diziam os zelotes. Pois não foi bem assim: escapou-lhes os tais 10000000000, tanto algarismo. Por falar nestes, fiz as contas desta crónica e dou-me conta de que tenho espaço para alinhar duas datas. Cá vai: o período em que um governo se esqueceu de controlar a saída desses milhões foi de 2011 a 2014. Faça agora o leitor as contas.