Agronomia enche a Taça
Dando uma ótima resposta, duas semanas depois de perder de forma dramática a final do campeonato no derradeiro lance de jogo para o CDUL - e não deve ter sido nada fácil recuperar animicamente os jogadores em tão curto espaço de tempo -, Agronomia conquistou esta tarde, no complexo desportivo do Vale da Rosa (Setúbal), a 55.ª edição da Taça de Portugal derrotando a equipa do Dramático de Cascais que deu boa luta ao longo do encontro, mas não teve armas para vergar um conjunto mais sólido, matreiro, consistente e que teve cabeça fria nos momentos decisivos de jogo. E tudo isso acompanhado por uma defesa excelente e agressiva, que só no final do encontro abriu umas pequenas (mas não preocupantes) brechazinhas...
Este foi assim o final perfeito de uma excelente época para o quinze agrónomo que, no primeiro ano sob o comando de Frederico Sousa, atingiu as finais das três competições que disputou na temporada: Supertaça (que venceu batendo Direito), Divisão de Honra (perdida para o CDUL já para lá da hora) e agora este triunfo na Taça de Portugal.
A equipa da Linha treinada pelo experiente Tomaz Morais - que dirigiu o hoje rival Frederico quer como selecionador nacional, quer como professor na faculdade! - começou muito bem a partida, ocupando maioritariamente o meio-campo rival e nos primeiros 22 minutos desperdiçou três penalidades(!), uma pelo habitualmente fiável abertura argentino Franco Correa (esteve hoje muito abaixo do que nos habituou) e duas pelo defesa neozelandês Jared Page. O vento não colaborava, pois também o 10 contrário, José Rodrigues, falharia a sua primeira tentativa aos postes.
Mas aos 25' e na primeira vez que Agronomia foi à área de 22 contrária inaugurava o marcador. Boa sequência de fases dos avançados terminou numa falta que jogada rapidamente à mão permitiu ao centro Vasco Ribeiro, num delicioso off-load, descobrir José Rodrigues, que com bela linha de corrida, fazia o primeiro ensaio da tarde que ele próprio convertia (7-0).
Pouco depois um excelente up-and-under de Cardoso Pinto seria captado por Page que, no ato de agarrar a oval, sofreu duríssima (mas legal) placagem de António Pena Monteiro. O 15 de Cascais ficou agarrado à bola em falta bem assinalada... e Rodrigues alargava para 10-0.
Mas aos 34' a reação cascalense seria, por fim, premiada com Jared Page a marcar junto à bandeirola após lance muito bem construido pelo pack avançado e uma excelente fixação de Correa (10-5). Contudo, antes do intervalo seria José Rodrigues a converter nova penalidade - o luso sul-africano entrava finalmente na sua habitual e eficaz velocidade de cruzeiro - estabelecendo os 13-5 no descanso.
A 2.ª parte recomeçou com o quinze da Tapada a meter o Cascais num apertado colete-de-forças, tentando cavar rapidamente maior distância entre as duas equipas. Incrivelmente - isto era uma final, ou seja é para aproveitar todos os pontos que ela proporciona... - Rodrigues enjeitou tentar aos postes uma fácil penalidade frontal e jogou rapidamente uma falta, com o lance a perder-se face à boa defesa dos homens da Linha. Mas logo a seguir (o capitão António Duarte impôs a sua vontade...) acertava um terceira penalidade, fazendo os 16-5. Resultado que aos 54' era alterado pelo primeiro pontapé metido por Franco Correa (tinha feito, com os pés, 20 dos 25 da sua equipa na meia-final diante do Técnico) para 16-8.
A partir daí e mesmo perante as (ténues) tentativas do Cascais de acelerar o jogo com a intenção de poder reduzir a desvantagem, em especial após a entrada do experiente David Mateus - podia tê-lo tentado bem mais cedo... - o resultado já não sofreria alteração, pois Agronomia mostrou-se sempre muito confortável a defender (capacidade que teve ao longo de toda a época, tendo sido a equipa que menos ensaios concedeu no campeonato) e, ao contrário do que aconteceu na final da Divisão de Honra, teve sempre cabeça fria, não se enervou nem desuniu, conseguindo levar, e com inteira justiça, mais um troféu para a vitrine da Tapada da Ajuda.
Depois de 1978, 1998, 1999, 2000, 2006 e as quatro vitórias consecutivas (recorde) entre 2009 e 2012, Agronomia ergue novo troféu e passou a ser o clube que mais Taças de Portugal conquistou (10) ultrapassando Benfica e Direito (9). Seguem-se como vencedores CDUL (8), Académica (6), Cascais e Técnico (4), Belenenses (3) e CDUP (2).
A anteceder este encontro realizou-se a final da 1.ª Divisão que foi ganha pelo Benfica ao bater o CR Évora, por 19-17. Este foi o primeiro triunfo dos encarnados sobre os eborenses na época e logo no jogo mais importante. As duas equipas foram promovidas ao 1.º escalão do râguebi português que passará a contar com 12 formações na temporada 2017/18.