Estes agricultores são a maioria dos moçambicanos: pais e mães que cultivam a terra, sem máquinas, para alimentar a família e que agora enfrentam a ameaça do aquecimento global..A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) tem em curso desde 2002 o projeto Escola na Machamba, ou seja, formação na horta, espalhada por 2.000 locais do país e que já terá beneficiado 60 mil produtores do setor familiar..Olman Serrano chegou há cinco semanas a Maputo para assumir o cargo de representante da FAO e, em linha com as prioridades do Governo, aponta desde já esta aposta na formação como prioritária..O objetivo sempre foi melhorar as práticas agrícolas, mas hoje, a matéria a estudar dá especial destaque às técnicas para sobreviver às mudanças climáticas.."O milho consome imensa água" o que o torna uma cultura menos adequada a este novo mundo, com maiores secas, à qual se adapta melhor a mandioca, exemplifica Serrano..O país enfrenta cheias cíclicas a norte e secas cada vez mais prolongadas a sul..Há que mudar o menu do que vai à mesa. ."Mesmo que os agricultores e a população não estejam acostumados a utilizar a mandioca, cultivando-a tem mais probabilidade de reduzir os efeitos das mudanças climáticas", sublinha o novo representante da FAO..Além de ser necessário rever que produtos cultivar, é também necessário adaptar as formas de trabalhar a terra..Experimentar a rega gota-a-gota ou salvaguardar a biodiversidade dos solos são exemplos de ações que devem ser equacionadas agora para quem ainda não pensou nelas..A Escola na Machamba segue uma metodologia que serve também para os agricultores "trocarem experiências", falarem uns com os outros sobre a forma de resolver problemas que enfrentam.."É uma metodologia usada em todo o mundo e que tem tido muito êxito", realça Olman Serrano..As mudanças climáticas são apenas um dos desafios que impulsiona a iniciativa Escola na Machamba..A promoção de culturas mais eficientes, estratégias de armazenamento e comercialização de produtos, são outras missões que levam à difusão de tecnologias e de conhecimentos junto dos produtores.